Depois das discussões desencadeadas pela constituição das Comunidades Urbanas, a região andava calma e serena, sem polémicas de maior. Lentamente, os autarcas interiorizaram que a complementaridade é o melhor caminho para o desenvolvimento dos municípios, e que só é possível sobreviver num mercado global ganhando dimensão através de projectos conjuntos com autarquias limítrofes.
Mas o bairrismo bacoco, que se pensava morto e enterrado, parece ainda resistir em alguns locais da região. Teve um afloramento durante a discussão do encerramento das maternidades mas, como se tratava de um assunto ligado à saúde, até se percebe que assim seja, pois é vulgar perder-se a razoabilidade nestes casos. Ainda assim, o lema “o meu hospital é maior que o teu” acabou por mudar para “todas as maternidades são necessárias”, juntando a região a uma só voz.
Recentemente, os bairrismos voltaram a estar na ordem do dia. Primeiro, a Câmara de Castelo Branco tornou público que o seu concelho tinha ultrapassado a Cova da Beira em volume de impostos colectados. Depois, o Instituto Politécnico de Castelo Branco anunciou a primeira televisão regional online da região.
Em relação aos impostos, a Câmara da Covilhã já respondeu adequadamente, demonstrando que a Cova da Beira representa 59,39 por cento dos impostos colectados, contra os 40,61 por cento de Castelo Branco que, aliás, só ultrapassa a Covilhã em 1,13 por cento. Já no caso da “primeira” televisão, só é pena que os responsáveis pela divulgação da informação não se tenham dado ao trabalho de verificar que a Universidade da Beira Interior tem uma experiência-piloto de televisão na web desde 2003, canal que passou a ter actualização regular a partir de Março de 2006.
Ninguém duvida do excelente desempenho económico do município de Castelo Branco, nem da qualidade do projecto do IPCB mas, por favor, não tentem apequenar o trabalho dos outros. A qualidade, quando existe, sobressai naturalmente, dispensando pseudo-estratégias de relações públicas.
Por: João Canavilhas
