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Sequestros e castigos na Casa do Menino Jesus

Há dias em que falta comida, outros em que não há pão e há fome. O pesadelo acontece numa IPSS na Covilhã

Há um termómetro do comportamento, um quadro de castigos e uma sala escura onde é «arrecadado» quem se porta mal. Tem dias em que falta comida, outros em que não há pão e há fome. O pesadelo acontece na Casa do Menino Jesus, uma Instituição Particular de Solidariedade Social, fundada, na Covilhã, em 1918.

A instituição dispõe de um Lar de Crianças e Jovens para crianças do sexo feminino em risco, onde «ocorrem maus tratos, agressões, falta comida ao jantar e quem se porta mal é conduzido a um quarto escuro onde fica horas de castigo», conta fonte da instituição. Os castigos serão «determinados por uma técnica e ocorrem sempre que as crianças se portam mal, apesar das suas circunstâncias, como aconteceu a um menino autista».

Há crianças que «não aguentam os maus tratos e fogem», adianta o funcionário. Foi o que sucedeu, em março, a E.G. que foi encontrada pelas autoridades «a dormir na rua». A criança, de 15 anos, terá contado as sevícias de que era alvo e o Ministério Público da Covilhã abriu mesmo uma investigação. Dois dos responsáveis da instituição «já foram constituídos arguidos e houve buscas no lar». Foi aqui que as autoridades encontraram «um termómetro do comportamento e um quadro dos castigos, que iam desde o encerramento no quarto escuro a ficarem sem jantar». Jantar que «habitualmente é enviado por um supermercado mas que nem sempre chega para todos». E são os internos «que às vezes trabalham ou estudam no exterior quem traz a comida para os mais novos».

A investigação aberta pelas autoridades é relativa ao crime de maus-tratos, punido com pena de prisão que pode chegar aos cinco anos, mas também há indícios de sequestro, cuja moldura penal atinge os oito anos. Recentemente a Casa do Menino Jesus foi alvo de buscas «e foi encontrada comida com bolor e outros indícios de desmazelo», adianta o funcionário que conta que a instituição recebe, além de donativos, entre 500 a 750 euros por mês, enviados pela Segurança Social para as crianças que tem a cargo. Porém «há suspeitas que as verbas que a instituição recebe possam estar a ser utilizadas para outro fim que não aquele a que são destinadas».

Na investigação das autoridades «foram ouvidos todos os funcionários e dois deles foram constituídos arguidos».

O Interior procurou obter esclarecimentos junto da instituição mas o director da instituição, que está demissionário, apenas esclareceu que «estarão a ser investigadas práticas de duas funcionárias do Lar».

A Casa do Menino Jesus dispõe ainda de um infantário e jardim de infância «mas aqui não foram encontrados quaisquer problemas», conclui a fonte da instituição. A Casa do Menino Jesus dispõe de um lar com capacidade para 30 crianças que são ali colocadas pela Segurança Social por se encontrarem em risco, através de um contrato de cooperação com o Ministério do Trabalho e da Segurança Social.

Amadeu Araújo

Casa do Menino Jesus dispõe de um lar com capacidade para 30 crianças

Comentários dos nossos leitores
antonio vasco s da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
Trata-se do Menino Jesus Faria se fosse o Diabo
 
Ivete Ivete santos 2007@hotmail.com
Comentário:
Tem que ser mesmo investigado, para trabalhar em qualquer setor temos que ter amor ao próximo.
 

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