O período negro que assolou as Minas da Panasqueira nas últimas semanas parece estar posto de parte durante os próximos seis meses através do recurso da Beralt Tin & Wolfram ao Fundo de Garantia Salarial para pagar os ordenados dos 220 trabalhadores. Face às recentes dificuldades financeiras da empresa e perante a incapacidade de investimentos para melhorar a competitividade, esta foi a solução imediata que os secretários de Estado do Trabalho e da Economia, o Sindicato dos Mineiros e a administração encontraram na última sexta-feira em Lisboa para evitar a suspensão da laboração e o despedimento dos trabalhadores.
Desta forma, a empresa poderá aproveitar esse período em que os salários são suportados pelo Estado para «explorar novas áreas» e adquirir equipamento «mais moderno e “low-profile”» para extrair novos filões e aumentar a produção, que só no final de Janeiro representava um atraso de 121 toneladas de minério causando um prejuízo de 360 mil euros, explica o novo director geral da Beralt Tin, Fernando Vitorino, que assumiu o cargo no início da semana passada na sequência do pedido de demissão de Ramachondra Naique no último Verão. Aumentar a produção, repor o “stock” e criar um plano de desenvolvimento sustentado das minas, com uma nova equipa e metodologia de trabalho, são os objectivos a desenvolver nos próximos tempos, contando para isso com um «corpo directivo jovem» na chefia das minas e das lavarias, adianta Fernando Vitorino. Na sequência da demissão de vários directores nos últimos quatro meses, a concessionária da única mina de volfrâmio e tungsténio a funcionar em Portugal decidiu «apostar» em pessoas «experientes» entre os 30 e os 36 anos de idade para reforçar os seus quadros, salienta o novo director geral, para quem o futuro passa também pela «melhoria do ambiente de trabalho e das relações humanas».
Acreditando ser possível recuperar a normal laboração, Fernando Vitorino garante que a Beralt Tin & Wolfram vai fazer «tudo para a mina continuar e estar mais apetrechada em equipamentos», prometendo, por outro lado, um «espírito mais aberto» da parte da gerência. António Matias, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) espera apenas que durante os próximos seis meses a empresa possa «adquirir» os meios necessários para desenvolver e explorar novos filões. «Só desta forma é que poderá posicionar-se no mercado e garantir o trabalho para os 220 trabalhadores ao fim dos seis meses», garante. Para já, o sindicalista está confiante na abertura do director-geral para os problemas da mina, esperando mantê-lo sempre em contacto se nos próximos meses o trabalho de desenvolvimento não se perspectivar.
Liliana Correia