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Seis instituições de ensino com autonomia e flexibilidade curricular

Projeto-piloto confere aos agrupamentos o poder de decidir 25 por cento do currículo dos seus alunos, bem como a forma de os ensinar

O novo ano letivo começou e avizinham-se mudanças nalguns agrupamentos escolares. No distrito da Guarda, Covilhã e Fundão, foram seis os estabelecimentos de ensino que aderiram ao projeto-piloto lançado pelo Ministério da Educação que confere mais autonomia e flexibilidade. Com esta medida, as escolas passam a poder decidir 25 por cento do currículo dos seus alunos, bem como a forma de os ensinar.

Na Secundária Campos Melo, na Covilhã, a forma de organizar o ensino e a aprendizagem é a principal mudança apontada por Isabel Fael, diretora da instituição: «Irá privilegiar-se a metodologia de projeto e o uso das novas tecnologias, procurando que as abordagens aos conteúdos essenciais sejam mais motivadoras e estimulantes», adiantou a responsável. Ainda em fase de planificação, «tendo em conta o perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória e as aprendizagens essenciais definidas para as diferentes disciplinas», a garantia que fica é que «iremos apostar em abordagens transdisciplinares e multidisciplinares, privilegiando metodologias mais interativas», sublinhou. A diretora da Campos Melo adiantou ainda que foram recentemente aprovados quatro projetos Erasmus + (três deles nas áreas da Matemática e das Ciências Experimentais) e «iremos trabalhar com os nossos parceiros europeus para proporcionar aos nossos alunos e professores ambientes educativos inovadores de partilha e aprendizagem».

Desde janeiro, a escola covilhanense passou a dispor também de um Laboratório de Aprendizagem – Sala do Futuro – e os professores receberam «formação para podermos ajustar as nossas práticas de forma sustentada e construir uma escola cada vez mais integradora e aberta à mudança», acrescentou Isabel Fael. Também o Agrupamento de Escolas de Almeida vai implementar a flexibilidade curricular. Segundo o diretor, a experiência decorrerá apenas no primeiro ano do 1º ciclo de escolaridade, sendo que «a carga curricular manter-se-á a mesma, havendo um reforço de um conjunto de medidas para a promoção do sucesso educativo, delineadas nos anos anteriores, em que se pretende reforçar o trabalho colaborativo entre docentes das diversas áreas». Criação de laboratórios de aprendizagem, coadjuvação para a promoção da oralidade e reforço da componente da leitura são algumas das mudanças previstas, revela Joaquim Pedroso, referindo que se pretende também que «o currículo dos alunos seja enriquecido através da valorização do conhecimento endógeno local nas diversas áreas do saber e que o mesmo sirva de base ao desenvolvimento das capacidades intrínsecas de cada um».

Ainda a “limar arestas” está o Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã. Alegando que não é possível, neste momento, responder às questões formuladas por O INTERIOR sobre as mudanças que se avizinham, Jorge Antunes foi parco em declarações. «Considerando que para implementação do Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular as orientações por parte da tutela, concretamente nas Aprendizagens Essenciais, foram feitas de forma progressiva até ao início deste ano letivo, os órgãos do agrupamento sentiram a necessidade de reajustar o seu projeto», disse o responsável, acrescentando que «só quando este for finalizado, que julgamos muito em breve, será possível pronunciar-nos sobre o mesmo». O INTERIOR contactou por diversas vezes os restantes três agrupamentos abrangidos por esta medida, mas não obteve qualquer resposta.

Quinta das Palmeiras terá disciplina de Cidadania e Desenvolvimento

O lançamento oficial da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, que visa promover uma sociedade mais justa e inclusiva através da educação, decorreu na Escola Quinta das Palmeiras (Covilhã).

Na sessão estiveram os ministros Adjunto, Eduardo Cabrita, e da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, bem como a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino, e o secretário de Estado da Educação, João Costa. A disciplina vai ser implementada em 235 escolas. «Este é um projeto-piloto que serve para nos preparar para os próximos anos e que vem legitimar muitas das práticas que já aconteciam nas nossas escolas e que agora ficam regulamentadas e que acabam por acontecer com outra robustez», esclareceu o ministro da Educação. No primeiro ciclo, a disciplina tem uma natureza transdisciplinar (com avaliação apenas qualitativa), mas nos segundo e terceiro ciclos será uma disciplina autónoma, com avaliação quantitativa, tal como Português ou Matemática.

Ao todo, 236 escolas vão testar flexibilidade curricular

O projeto-piloto de flexibilização curricular vai avançar em 236 escolas (171 públicas, 61 privadas e quatro escolas portuguesas no estrangeiro). Este projeto, que confere autonomia às escolas, será apenas implementado em turmas do primeiro ano de cada ciclo de escolaridade (1º, 5º, 7º e 10º anos). Entre as várias sugestões, os agrupamentos podem optar por fundir disciplinas. Por exemplo, os professores de Físico-Química e Ciências Naturais ou de História e Geografia podem trabalhar em equipa, articulando-se de forma a que os alunos durante uma semana tenham apenas uma das disciplinas e, na semana seguinte, a outra. Na lista de propostas apresentadas pelo secretário de Estado João Costa, em março, consta também a possibilidade de, a meio de um período, interromper a rotina e dedicar uma semana ao estudo e discussão de um tema interdisciplinar.

Sara Guterres

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