O País amanheceu frenético, angustiado, expectante. E não era para menos: no mesmo dia iam acontecer duas coisas de equivalente transcendência. O concerto da Madonna e o show televisivo de Bagão Félix.
Estranhamente, no dia seguinte, da Madonna pouco se falava. Um apontamento aqui ou ali, uma reportagenzita vadia e pouco mais. Já do episódio zero das Conversas em Família II, ele eram textos de opinião, debates televisivos, fórums radiofónicos, eu sei lá. O que me causa alguma estranheza: com uma gente tão religiosa, ignorar assim uma aparição da Madonna, parece-me mal. Parece que não era vista por cá desde 1917. Por outro lado, do que disse Bagão, o nosso ministro da fazenda, fiquei na mesma. Quer dizer, tentei ouvir. A sério que tentei. Mas acho que passei pelas brasas (talvez por estar cansado de não trabalhar tanto como ele quer que se trabalhe), e só fixei aquela ideia de ele não ser mágico. O que é pena, pois podia desaparecer do mapa, para nossa grande satisfação. Ah, e que parece que o tabaco vai aumentar. Trata-se, portanto, de uma medida arrojada, marcada por uma imaginação sem limites. O que inventarão a seguir? Aumentos da gasolina? Do Imposto Automóvel? Para mentes brilhantes como estas que nos governam, só o céu é o limite. Nem sei onde vão buscar estas ideias.
Por outro lado
Parece também que o mesmo Bagão insiste no fim das SCUT e na imposição do nobre princípio do utilizador-pagador. Até acho bem. Parece que deu como exemplo um pastor de Trás-os-Montes que não usa o IP4 e que portanto não tem nada que pagar impostos para sustentar o tal IP4. É justo.
O mesmo para a saúde e o justíssimo princípio do utilizador-pagador para o Serviço Nacional da Dita: é que a mim aborrece-me pagar com o meu dinheiro a saúde dos desgraçados dos empreiteiros e criadores de porcos e advogados e liberais e empresários em nome individual que ficam isentos de taxas moderadoras porque ganham o salário mínimozinhuzinhu….
Pela mesma razão, aproveito para daqui, desta humilde coluna, solicitar de S.Exa. o Ministro das Finanças a imediata devolução da parte dos meus impostos com que tenho sustentado o Governo Autónomo da Madeira. É que nunca lá fui, não tenciono lá ir e não utilizo a Ilha da Madeira para absolutamente nada. Portanto… o que é que querem, um egoísta, é o que eu sou.
Por: Jorge Bacelar