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Infame o títere. Por doença. Molesto o cão. Sempre sem confiança. Morde sem descanso. Uma intemperança. E se o cabelo raspasse a pele ao crescer? crrrrr. Uma violência. Se os olhos fechassem com som? tau tau tau. Um horror. E se tivéssemos de contar as vezes que bate o coração? infernal. E se o títere mandasse? Uma demência. E se matares o estúpido do cão? dizem que por doença. Tem confiança e zás. O infame era o cão do vizinho que por doença mordia e que nos punha nervosos até sentir que o pestanejar se ouvia e por medo acabamos com ele dando-lhe arsénico. Olha que foi assim. O inferno ali na porta. Amedrontava o bastardo. E eles nada. au au au au. Era demais. Caramba! Foi um alívio sentir que tombava e espumava. Antes o coração aos pulos e a esperança de que não vissem. Ninguém viu. O cão – zás! – caiu redondo. A proximidade do limite é insana e isso é perigoso. Este cão lembrava os impostos – mordia! Este dono lembrava o governo – não percebia. O arsénico era a vingança – matava. Assim o títere que governe com demasia, o marido que moleste, o tipo que nos roube a confiança, empurra-nos para um beco de desesperança e nesse caldo de ansiedade os cabelos ouvem-se crescer, os dedos movem-se sonoros, a língua crepita e os corações sentem-se. A combustão anda próxima.

Por: Diogo Cabrita

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