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Sarmento defende “Plano Marshall” para salvar a Guarda

Autarca de Trancoso e histórico do PSD garante que o próximo candidato à Câmara tem que comprometer o Governo com o desenvolvimento da Guarda

A Guarda precisa de um “Plano Marshall” para ultrapassar a crise económica e social que atravessa. Quem o afirma é Júlio Sarmento, o histórico autarca social-democrata de Trancoso, para quem só com a ajuda do Governo se conseguirá inverter «este ciclo que se apoderou da cidade e do concelho de desertificação e perda de população».

«O Governo tem que se comprometer não em injetar dinheiro, mas em tomar um conjunto de decisões que signifiquem uma mudança radical das opções de desenvolvimento da Guarda», considera. Numa entrevista exclusiva a O INTERIOR (que será publicada a próxima edição), Júlio Sarmento considera que o próximo candidato do PSD à Câmara guardense será a peça-chave para o futuro da cidade. «A solução autárquica para a Guarda está nas mãos do Governo. O escolhido – que neste contexto terá que ser do PSD ou do arco PSD/CDS – terá que comprometer o atual Executivo de Passos Coelho. Se apenas disser que tem a sua solidariedade, sem o comprometer previamente, também não vai lá porque é fazer o mesmo que o presidente Valente fez com Sócrates. Não houve qualquer resultado visível», recorda o edil. O atual presidente da Assembleia Distrital avisa também que o estado das finanças municipais guardenses e os compromissos assumidos pelo município não permitem que os próximos candidatos autárquicos prometam seja o que for.

«Não vale a pena andarmos a enganar-nos uns aos outros, nem a enganar os eleitores. Tal como estão as contas do município, não é possível ninguém prometer seja o que for em termos de investimentos ou de equipamentos que possam desencravar a atual situação da Guarda. Quem o fizer está a enganar as pessoas porque não é possível», declara. E será Júlio Sarmento candidato na Guarda – uma vez que já não pode recandidatar-se em Trancoso? O edil responde que só admite a possibilidade se tiver do Governo «essas condições de exceção, mas é preciso um compromisso sério, nada da promessa verbal do primeiro-ministro ou de seja quem for. Sem isso não é possível dar à Guarda as potencialidades de desenvolvimento que tem que ter», garante. De resto, o social-democrata, que está a ponderar retirar-se da vida política para enveredar pelo mundo dos negócios, acha que chegou a altura dos guardenses procurarem saber como se chegou a esta situação.

«Como foi possível perder população e protagonismo?»

«Os cidadãos têm que pensar por que é que a Guarda, com a sua privilegiada localização junto à fronteira e na junção da A23 e A25, perde população. Ao contrário de outras capitais de distrito que cresceram, como Castelo Branco, Bragança ou Viseu, por que é que a Guarda não cresceu se tem melhores condições que as duas primeiras cidades? Como foi possível não vencer o desafio e, pelo contrário, perder população e protagonismo», interroga-se. A situação é tanto mais grave que o distrito também perde, acrescenta. «Se a Guarda tivesse duas vezes mais população tinha muito mais atividades que empregavam pessoas e isso gerava emprego em Pinhel, Almeida, Celorico e Trancoso», exemplifica. E acrescenta que que se Trancoso estivesse à mesma distância de Lisboa, Porto ou Aveiro que está da Guarda «teríamos nós também sentido estes benefícios, porque haveria emprego a 15 minutos de distância».

Neste contexto, Júlio Sarmento considera que a introdução de portagens na A23 e A25 vai ser «extremamente negativa» para o distrito. «Atualmente, o custo do transporte do produto já onera mais que a vantagem fiscal que era concedida às empresas aqui instaladas. Ora com portagens esse custo vai ser muito maior», avisa quem, apesar de tudo, diz compreender o princípio do utilizador/pagador. Na sua opinião, o problema é que «a suposta vantagem de pagar menos IRC já não era competitiva, com as portagens será, portanto mais complicado para o turismo, para a mobilidade, para a instalação de empresas e para a sua competitividade». Júlio Sarmento é atualmente o autarca há mais tempo em funções. Nas autárquicas de 2009 foi eleito para o sétimo mandato consecutivo. Presidente desde 1985, governa Trancoso há 24 anos e está agora a ano e meio de sair de cena por imposição da lei de limitação dos mandatos.

Luis Martins «Não basta ter a solidariedade do primeiro-ministro, porque é fazer o mesmo que o presidente Valente fez com Sócrates. Não houve qualquer resultado visível», avisa Sarmento

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