O primeiro socialista eleito desde 1976 para a presidência do município não vai permitir a saída da ambulância do INEM e o fecho das Finanças
O novo presidente da Câmara de Trancoso reconhece que vai ter um mandato difícil por causa da «grave» situação financeira do município e de outras instituições locais, como a Misericórdia ou a Escola Profissional. Amílcar Salvador promete, por isso, não cometer os erros do passado, quando se optava por «mirabolantes engenharias financeiras para tapar buracos que abriam outros buracos».
No seu discurso de tomada de posse, no sábado à noite, o primeiro socialista eleito desde 1976 para a cadeira maior da autarquia admitiu que a vitória de 29 de setembro foi «inédita e concludente» e representa um «sinal claro de vontade de mudar» dos trancosenses. Na sua opinião, o concelho presidido nos últimos 28 anos pelo social-democrata Júlio Sarmento está «mergulhado num poço escuro de desesperança» muito por culpa do «endividamento galopante e excessivo» da autarquia. «Sempre alertámos para os perigos desse caminho e de opções como a parceria público-privada para a construção da central de camionagem e do campo da feira, obras que significam agora encargos avultados para o município», afirmou. Confrontado com este passado, Amílcar Salvador promete fazer «muito mais e melhor» e empenhar-se no saneamento financeiro da autarquia, pois Trancoso «não pode esbanjar dinheiro onde não é necessário e não ter depois para investir onde é preciso».
O autarca anunciou ainda que o mandato será «de grande proximidade» com as pessoas: «Vamos fazer tudo ao nosso alcance para fixar as pessoas. Vamos apostar em setores fundamentais como a agropecuária, a indústria, o comércio, os serviços, o turismo e nos parques industriais de Trancoso e Vila Franca das Naves procurando captar investimento para criar alguns postos de trabalho», declarou. Recordando que «sempre» resistiu «contra os interesses instalados, o compadrio e o clientelismo», o novo presidente disse contar «com todos os trancosenses» para tornar o concelho «muito melhor, mais justo, rico e desenvolvido». A finalizar a sua intervenção, Amílcar Salvador deixou bem claro que não permitirá a retirada da ambulância do INEM do centro de saúde local, prevista para 1 de novembro, e o eventual fecho da repartição de Finanças.
Em declarações a O INTERIOR, Júlio Sarmento, agora deputado municipal após 28 anos na presidência da Câmara, disse esperar que o seu sucessor seja conciliador. «Só colaborando é que Trancoso se pode desenvolver, mas creio que Amílcar Salvador vai ter uma política de concertação estratégica porque é disso que o concelho precisa», referiu, acrescentando que vai estar na Assembleia Municipal nos próximos quatro anos para «dar força a um grupo de deputados e presidentes de Junta muito jovens».
Luis Martins 
