A Câmara da Covilhã adjudicou na semana passada a concepção e exploração do saneamento em alta na Covilhã por um período de 30 anos à empresa AGS – Administração e Gestão de Sistemas de Salubridade, do grupo Somague, que aguardava desde Abril do ano passado pela assinatura do contrato.
A concessionária, a única a concorrer ao concurso público internacional, irá fundar uma nova empresa e construir duas grandes Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) na Covilhã e em Unhais da Serra, para além de outras 13 pequenas ETAR’s nas freguesias. A Águas da Covilhã, assim se chamará a sociedade, ficará ainda obrigada a remodelar as 32 infraestruturas existentes actualmente no concelho. «Vamos conseguir resolver definitivamente o tratamento de 50 por cento dos esgotos da Covilhã que ainda não são tratados com um sistema integral de tratamento e desinfecção dos efluentes», garantiu Alçada Rosa, presidente do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), dizendo estar convicto que «dentro de dois anos», a Covilhã terá a totalidade dos esgotos tratados e «não contribuirá nem com um metro cúbico» de esgoto para o Rio Zêzere. «O município vai ser, provavelmente, o primeiro do país a ter os esgotos todos tratados», acrescentou o também vice-presidente da Câmara.
Para além disso, a água que sair destas ETAR’s poderá ser utilizada para a agricultura, pois «não será só tratada, mas também desinfectada, o que permitirá regar jardins e hortas da Covilhã», adiantou Alçada Rosa, realçando que as obras vão começar «de imediato» uma vez que os SMAS já realizaram os estudos para a localização e características destas estações de tratamento. Apesar de defender que a Covilhã deveria estar integrada no sistema multimunicipal da Águas do Zêzere e Côa, o vereador socialista Miguel Nascimento aprovou também a adjudicação da obra à AGS, por concordar que esta é a solução mais vantajosa para o município. «Fica 50 por cento mais barata que noutro sistema, para além de que todas as infraestruturas reverterão para o município no final da concessão», destaca. No entanto, Miguel Nascimento alerta para os problemas financeiros que a autarquia terá a partir de 2008, quando tiver que pagar 1,7 milhões de euros à concessionária pelo serviço prestado.
«A autarquia terá que aumentar a factura da água ou endividar-se junto da banca para fazer o retorno deste serviço», avisa, recordando que é no próximo mandato que começarão a ser pagos os empréstimos contraídos. De resto, Miguel Nascimento espera apenas que a Câmara cumpra agora as promessas de baixar as tarifas da água às famílias carenciadas ou numerosas do concelho.
Os custos da concessão
2006: 748,200 mil euros
2007: 997,700 mil euros
2008: 1, 700 milhões de euros
2009: 2,673 milhões de euros
2012 a 2019: estabiliza nos 3 milhões de euros
2019 a 2028: estabiliza nos 4 milhões
2034: 5, 690 milhões de euros
Liliana Correia