A recuperação do emblemático Sanatório dos Ferroviários, na Serra da Estrela, vai ser feita através do projecto desenhado pelo arquitecto Souto Moura, tal como estava previsto aquando da sua transformação em Pousada de Portugal.
O projecto estava em análise pelo grupo Sheraton, com quem a Turistrela, proprietária do edifício, se encontra em negociações para o transformar num hotel de luxo e cinco estrelas de classificação. Tudo levava a crer que as ideias de Souto Moura iriam ser colocadas de parte pelo grupo internacional, por não contemplarem um grande número de quartos, o que inviabilizaria economicamente o empreendimento. Assim que começaram as negociações, o grupo tinha estabelecido a necessidade de aumentar o número de quartos de 55 para 120. Agora, e depois de quase terem sido excluídos, os esquissos do arquitecto portuense voltam a estar em cima da mesa para a recuperação do emblemático edifício, até porque «já está pago», explica Artur Costa Pais. A ideia passa por retomar o projecto existente e tentar «aumentar um pouco o número de quartos», acrescenta, por sua vez, Jorge Patrão, adiantando no entanto que «não será uma negociação fácil». Mas, para o presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), o número de quartos é «irrelevante», pois o mais importante é executar um projecto de «grande qualidade» desenhado por um dos arquitectos portugueses mais bem conceituados nacional e internacionalmente.
O número de quartos poderá vir a ser a única alteração a introduzir, visto que a ideia passa por mexer «o mínimo possível» nos esboços de Souto Moura. O grupo Sheraton parece continuar interessado em explorar a futura unidade hoteleira, até porque tem em curso os estudos de viabilidade económica. A ideia agora passará mesmo pela construção de vivendas e apartamentos nos terrenos entre a Varanda dos Carqueijais e o Sanatório, tal como “O Interior” noticiou em Março passado (ver edição 326). Ao todo, deverão ser construídos cerca de 400 quartos nessa zona.
Luís Patrão assume presidência geral da Turistrela
Entretanto, a Turistrela já se congratulou por ter Luís Patrão, chefe de gabinete do primeiro-ministro, à frente do Instituto de Turismo de Portugal (ITP), que passará a integrar também o Instituto de Formação Turística e a Direcção-Geral do Turismo. Um cargo que lhe permitirá assumir igualmente, «por inerência», a «presidência-geral da Turistrela a partir do dia 15», adiantou Artur Costa Pais. Isto porque a concessionário do turismo na Serra da Estrela é uma empresa de capitais mistos, em que o Estado detém três por cento do seu capital. Assim, e pela primeira vez na história da sociedade, que existe há mais de 30 anos, a presidência vai ser assumida por um covilhanense. «É o “Euromilhões” para a Turistrela e para a região», considera o administrador, realçando as possíveis mais-valias que poderão advir desse facto. «É o patrão do turismo português. O peso máximo que gere os recursos financeiros e humanos, os projectos turísticos, os licenciamentos…», enumera, admitindo que ter Luís Patrão na presidência da Turistrela é um «momento único na vida da empresa».
Liliana Correia
