O Presidente da República apelou terça-feira ao Governo para que proceda às reformas estruturais necessárias, considerando que a economia portuguesa tem estado estagnada nos últimos anos. «Trata-se de executar, de realizar, de impor as reformas que o número crescente reconhece como indispensáveis e urgentes, sob pena de regressarmos a um ciclo de declínio nacional», afirmou Jorge Sampaio, no discurso das comemorações do 94º aniversário da implantação da República, realizadas nos Paços do Concelho de Lisboa. O chefe de Estado sublinhou que Portugal ainda hoje sente o peso «dos erros cometidos pelo adiamento das reformas», referindo-se ao período que antecedeu o 25 de Abril. «Sem qualquer justificação razoável, perderam-se anos: anos de democracia, anos de paz, anos de modernização», frisou, realçando que o período entre a revolução e a entrada de Portugal na Comunidade Europeia foi uma época «excepcional de modernização política, económica e social». «Esse período chegou ao seu fim em Portugal e também na Europa, onde os últimos anos ficaram marcados pela estagnação das economias e pelo reconhecimento da necessidade vital das reformas estruturais, nomeadamente da reforma do estado do bem-estar social», afirmou o chefe de Estado. Num apelo directo ao Governo, Jorge Sampaio lembrou que «as reformas são decisões políticas e não são neutras». «Os responsáveis políticos têm a exclusiva responsabilidade de definir as reformas estruturais e mais ninguém detém a legitimidade para as impor e para as realizar», sublinhou Jorge Sampaio.