A deputada Maria Elisa, eleita pelo PSD à Assembleia da República pelo círculo de Castelo Branco, renunciou quinta-feira ao mandato para poder assumir a função de conselheira cultural em Londres, a convite do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE). Numa conferência de imprensa realizada no salão nobre da Câmara do Fundão – onde iniciou a campanha em 2002 –, a conhecida jornalista decidiu colocar um ponto final no seu mandato para evitar uma «polémica» semelhante à gerada quando decidiu juntar a função de deputada à de jornalista da RTP. «Essa acumulação, absolutamente transparente, foi considerada incompatível pela Comissão de Ética», lembrou a ex-deputada, salientando que «do ponto de vista de muitos juristas, não era obrigada a renunciar» ao cargo político para assumir a nova função na embaixada portuguesa na capital inglesa. «Meditei muito nisto. Tenho muita pena em sair, mas faço-o pelas dificuldades no país», justificou, ainda para mais quando «há muito ruído, especula-se sobre tudo e a acumulação de cargos parece perturbar muita gente». Assim, Maria Elisa decidiu «contribuir para clarificar alguma coisa» com esta atitude que já se adivinhava desde Julho último, quando decidiu suspender o mandato devido a problemas pessoais. Consciente de que, muito por «culpa própria», teve «dificuldade» em encontrar um espaço de intervenção onde se «conhecesse e sentisse útil», Maria Elisa acredita estar à altura do novo cargo em Londres graças ao seu «perfil técnico, que pode ser essencial ao país». Apesar do abandono, a ex-deputada nega ter defraudado os eleitores, pois fez «tudo» ao seu alcance para ajudar a região, estabelecendo mesmo «pontes com o Governo central sempre que foi necessário», salienta.
«Mesmo depois de ter suspenso o mandato, estive sempre aqui nos incêndios», refere, garantindo que «faça o que fizer, esteja onde estiver, todos estarão no meu coração». Para além disso, Maria Elisa abandona o cargo na certeza de que os interesses do distrito ficarão «bem representados» com os seus colegas de lista. De resto, o jornalista Ribeiro Cristóvão já assumiu o lugar no Parlamento, juntando-se a Fernando Penha. Contestada por muitos e por uma «certa comunicação social», Maria Elisa fez-se acompanhar na hora da despedida oficial pelos colegas de lista, pelo presidente da distrital social-democrata e por Manuel Frexes, a quem coube a defesa da jornalista. «Não entendo porque é que neste país há dois pesos e duas medidas. Ao longo destes meses [Maria Elisa] foi tão perseguida e censurada, apenas para prejudicar a sua imagem», reprovou o autarca fundanense, lembrando que existem mais deputados a acumular funções e a renunciar a mandatos. Também Fernando Jorge, líder da distrital social-democrata, apontou o dedo àqueles que criticaram Maria Elisa enquanto deputada. «É uma mais valia como deputada e jornalista. Tem um passado de valor e não pode, de um momento para o outro e na boca de alguns, perdê-lo», realçou. Com malas aviadas para Londres, após ano e meio como deputada, Maria Elisa deixa aberta a “porta” da política. «De certeza que nos voltamos a encontrar no futuro», garantiu a ex-deputada.
Liliana Correia