É a quarta nomeação em apenas dois anos. A empresa municipal Sabugal+ tem um novo Conselho de Administração (CA), eleito dia 20, após terem sido detetadas irregularidades neste órgão durante uma auditoria ao município da Inspeção-Geral da Administração Local (IGAL).
A vice-presidente da autarquia, Maria Delfina Leal, é quem preside agora ao CA da Sabugal+, tendo o vereador do PSD Ernesto Cunha e o professor Amândio Simão Pires como vogais. De acordo com o alerta deixado por um inspetor do IGAL, a anterior administração tinha dois elementos (vogais) que exerciam ilegalmente as suas funções por estarem, simultaneamente, neste órgão e no gabinete de apoio ao presidente. Depois de informados em reunião de Câmara, Vítor Proença e Fernanda Cruz acabaram por se demitir, abrindo caminho à escolha de um novo CA, que foi eleito com quatro abstenções e um voto a favor. Não é a primeira vez que o cenário se repete na autarquia sabugalense, já que as duas últimas administrações tiveram de ser destituídas devido à existência de irregularidades, por exemplo, ao nível da votação no seio do executivo e da incompatibilidade de funções.
Na opinião do presidente social-democrata da autarquia, estas sucessivas eleições em tão curto espaço de tempo resultam de «uma situação normal» em democracia. «É natural a existência destas nomeações, porque as forças no terreno vão-se acomodando e por vezes criam-se situações de instabilidade em termos dos executivos municipais, o que leva a que seja necessário fazer novos acordos e negociações com as equipas», justifica António Robalo, acrescentando que «quando falamos de pessoas, falamos também da condição humana da instabilidade». O autarca garante que, apesar das mudanças no CA, «correu sempre tudo bem até agora» na Sabugal+, já que os equipamentos que gere têm funcionado «perfeitamente». Por sua vez, Sandra Fortuna, vereadora do PS, esclarece que os eleitos do seu partido se abstiveram na votação para «dar o benefício da dúvida» aos nomeados.
A socialista – que chegou a fazer parte do primeiro CA – garante que o mais importante «é que tudo funcione». Contudo, não deixa de mostrar algum desagrado pela forma como foi afastada da Sabugal+: «Não entendo até hoje o porquê de se ter desfeito aquele primeiro CA se nem sequer havia incompatibilidades. Não houve respeito», lamenta. Por agora, diz que os vereadores da oposição vão «aguardar» e estarão «sempre disponíveis para debater os assuntos importantes da autarquia». António Robalo ressalva que as recentes nomeações não exigem custos extra, já que dizem respeito a cargos ocupados por vereadores que já têm vencimento por estarem em funções a tempo inteiro. «Este é o nosso grande objetivo, constituir Conselhos de Administração não remunerados e que tenham uma ligação forte e permanente à presidência», sublinha o edil. A decisão agrada também à oposição: «Não haver custos é positivo, porque a Câmara do Sabugal atravessa momentos financeiros difíceis», acrescenta Sandra Fortuna.
Catarina Pinto