Arquivo

Sabemos pouco? A hipótese é difícil mas é nossa

Cavaco falou ao país e decidiu manter o governo em funções. Fez bem, já que a alternativa não era a melhor. Inicia-se agora a campanha para as autárquicas onde todas as atenções estão viradas para os 308 municípios e para as muitas freguesias que vão a votos no dia 29 de setembro.

São muitos os que consideram que o governo vai perder as eleições, no entanto, não acho que se possa misturar alhos com bugalhos, pois as autárquicas têm uma importante característica que é a proximidade do eleitor com o eleito. Em política é absolutamente essencial que o foco esteja nas ideias, rumos, estratégias e ações – que, nos dias que correm, e perante os problemas que atravessamos, devem ser mais soluções. Mas está hoje provado e comprovado que esses problemas surgiram por causa da incompetência e negligência dos políticos, que inadvertidamente ou propositadamente geriram com dolo a coisa pública. É portanto impossível fazer hoje escolhas políticas sem avaliar também o perfil dos candidatos.

Por esta razão estamos a assistir nestas autárquicas a um novo fenómeno, o dos candidatos independentes. A falta de credibilidade e espaço que há nos partidos leva cada vez mais pessoas a constituírem uma lista própria para concorrerem a um órgão municipal ou à freguesia. É bom que assim seja, já que é sinal da vontade dos independentes em mudar, mas sobretudo em dar uma nova esperança aos que estão fartos dos partidos. Porém, será isto verdade? Será que as estruturas que se apresentam como independentes o são de facto?

É importante que as pessoas se mexam e não passem a vida a criticar e a exigir alterações, pelo que é de saudar os inúmeros independentes que se apresentam em listas com ideologias partidárias “vincadas”, com ou sem oportunismo político.

No entanto, é de lamentar que quanto a ideias claras, a propostas concretas, a soluções possíveis… nada! Quanto a uma estratégia delineada, a um programa projetado, a um rumo definido… nada! Ideias soltas, temas já batidos, causas velhas, parco trabalho de terreno… enfim, a festa com feiras temáticas de ideias de outros que o fazem em formato de show para encher os olhos. Cuidado! O eleitorado mudou, não aceita despesismos, está farto de promessas e já não acredita em tudo.

Nos cenários que se apresentam na Guarda temos as três forças políticas divididas em dois cenários: PS e a coligação PSD/CDS-PP. A candidatura do PS, liderada por José Igreja, apresenta uma verdadeira almofada de conforto, imposta pelo secretário-geral do partido, pois António José Seguro terá apelado a TODOS, mas mesmo a todos, para uma união de forças. Senão vejamos – visitas às freguesias onde impera o acompanhamento do candidato pelos ex-presidentes da Câmara: Abílio Curto, o autarca da realização das necessidades primárias das populações: saneamento, luz, estradas; depois Maria do Carmo Borges. sempre ligada à Guarda cidade da cultura (TMG, BMEL e CEI), à VICEG e ao Polis; e Joaquim Valente, o presidente que, embora nada fez, inaugurou o novo quartel dos bombeiros… Pode parecer pouco, mas foi o que ele conseguiu… Por fim, Fernando Cabral, figura mais imponente do plenário socialista, embora se tenha afastado dos cenários arrasta com ele um cordialismo simpático de quem, a seu tempo, soube elegantemente regressar à atividade profissional de origem – ser professor, outros não o conseguiram. Neste cenário a luta nas freguesias deixa pouco espaço para outros que nunca conseguiram fazer obra e esta é a verdade. A lista ainda não foi apresentada, o que evidencia “calma porque sabemos o que queremos” ou talvez “andamos um pouco a ver os outros para conseguirmos melhor”.

A candidatura do PSD/CDS-PP tem a nobreza da elegância conseguida na união tão ambicionada em anos anteriores mas apenas agora concretizada, mas… com má estratégia. Primeira a apresentar a lista sem antes apresentar todas as listas das freguesias, o que daria um upload diferente na festa das figuras a integrar a equipa de trabalho. Julgo que o candidato Álvaro Amaro deveria dar-se a conhecer mais, pois o concelho da Guarda conhece o nome mas não conhece bem a figura. Deveria dar-se mais a conhecer nas freguesias antes de poder ser assombrado por algum elemento da sua composição de equipa, que, agora apresentada, se vê que pouco assombra o candidato. Aliás, se estes não forem acompanhados pelos políticos do PSD e do CDS-PP correm o sério risco de ninguém saber quem são. ERRO, estratégico, pois Álvaro Amaro evidenciava-se mais político. Será estratégico com toda a certeza, ciente deverá estar que o Futuro da Guarda não pode passar pelos cenários das individualidades que o acompanham na lista. PENA. Este seria o momento, esta seria a vontade, esta seria a mudança.

Os independentes irão contar com um duelo “taco a tacão” para a capitalização de um em cada um, sempre a somar, ora do lado do PS ora do lado do PSD, e contam já com figuras importantes com provas dadas à cidade e que querem tomar as rédeas das decisões do Futuro da Guarda. A lista que pretendem que seja a “cereja no topo do bolo”, estou certa disso, a surpresa aqui será a presença de figuras ativas com vontade e desprendidas das rédeas do poder. Estes independentes irão terminar com os outros independentes que acompanham as listas ideológicas e partidárias às quais dão o nome, pois sempre se envergonharam de assinar a ficha de militância, ou mesmo, como não sabem nada de política, entendem que é o mesmo que gerir uma “chafarica”. Estes são os oportunistas que vêm nestes atos as pernas para chegarem onde nunca conseguiram; é claro que ficarão para sempre vincados ao símbolo político que está por detrás do X no boletim de voto, sim, isso é para sempre e a Guarda não os irá esquecer.

Assim, José Igreja ganha nas freguesias rurais; Virgílio Bento ganha na cidade e João Prata (PSD/CDS-PP) ganha na freguesia urbana da Guarda. Quanto a Álvaro Amaro, será o próximo candidato às legislativas.

Ah! Mas a freguesia de Gonçalo é que vai marcar a diferença, sim Gonçalo vai ditar o novo presidente da Câmara Municipal da Guarda.

Temos grandes desafios pela frente. O concelho tem de crescer. A nossa localização privilegiada impõe que tenhamos um lugar de destaque em termos económicos. Temos que o conquistar. Precisamos de ser um polo de inovação económica. Por isso, nunca como hoje foi tão importante acertar na escolha.

A Hipótese…. Essa, enquanto existirmos também existe!

Por: Cláudia Teixeira

Sobre o autor

Leave a Reply