A identificação dos autores de duas peças importantes do espólio do Museu da Guarda e a disponibilização de um mapa arqueológico do distrito são as principais novidades registadas no novo roteiro do museu. O livro sobre as colecções de referência da instituição foi apresentado, juntamente com o respectivo álbum de imagens em formato CD-ROM, na última sexta-feira e vai ser um «meio privilegiado de comunicação com o público e de divulgação das colecções», espera a directora Dulce Helena Borges. Disponíveis no edifício da Rua Alves Roçadas, estas edições, em português e inglês, proporcionam uma viagem cronológica através dos tempos e são também – sobretudo o livro – excelentes meios auxiliares de visita.
O roteiro vem substituir um pequeno guia editado em 1985 e disponibiliza informação detalhada sobre as colecções, algumas peças, o edifício e a história do Museu da Guarda. Salete da Ponte (Arqueologia), Victor Serrão (Pintura), Pedro Ferrão (Escultura), José António Proença (Mobiliário), Isabel Falcão (Pintura e Desenho, séculos XIX e XX) e Alberto Correia (Etnografia) não só contextualizaram os tesouros da instituição, como também acrescentaram novos elementos para se perceber melhor a história da produção artística regional. Assim acontece com Victor Serrão, que atribui a autoria do quadro “A Adoração dos Magos” a Frei Carlos. A peça, muito danificada, está no museu desde 1940 e terá sido a tábua central de um altar da Igreja Matriz de Açores (Celorico da Beira), resultando supostamente de uma encomenda de D. Manuel I. Na escultura, o investigador Pedro Ferrão revela também que o Retábulo da Anunciação, proveniente da Sé Catedral, terá sido esculpido em pedra de Ançã por Diogo Jacques, grande discípulo de João de Ruão. Duas novidades reproduzidas com grande qualidade no CD-ROM, integrando o conjunto de cem peças escolhidas para ilustrar as colecções de referência do museu.
Também organizado por núcleos temáticos, este suporte disponibiliza imagens legendadas (em português e inglês) que fornecem os dados técnicos das peças, designações das obras, autorias, períodos cronológicos, proveniências, matérias, dimensões e o número de inventário. Segundo a directora, o CD-ROM, que substitui com grande vantagem os tradicionais diapositivos, está a servir de modelo para futuras publicações do Instituto Português de Museus: «O IPM considera estas edições exemplares e pioneiras», refere Dulce Helena Borges, que destaca o trabalho gráfico de Rui Azevedo. Entretanto é apresentada esta tarde a brochura “Amigos do Museu da Guarda”, que reúne as comunicações apresentadas no âmbito da criação daquela entidade no ano passado. A sessão será precedida de um espectáculo de música tradicional portuguesa pelo grupo Chuchurumel. Recorde-se que o museu tem patente até 18 de Julho a exposição “O Espírito dos Lugares – Cenários para um Património Imaterial”, constituída por um conjunto de fotografias e objectos de cariz etnográfico, e uma mostra de pintura, desenho e aguarela portuguesa dos séculos XIX e XX. Trata-se de obras que integram o acervo do Museu da Guarda, podendo ser apreciados quadros de Columbano Bordalo Pinheiro, João Vaz, Veloso Salgado, Falcão Trigoso, Eduarda Lapa ou Eduardo Malta, entre outros.
Luis Martins