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Rota dos Lagares começa este ano

Azeite congelado com aromas é a nova aposta da Confraria do Azeite da Cova da Beira

A Confraria do Azeite da Cova da Beira (CACB) vai lançar este ano a “Rota dos Lagares”, em conjunto com um parceiro institucional ligado ao turismo, de forma a promover o azeite produzido em Portugal. A ideia foi avançada a “O Interior” pelo chanceler da confraria, Francisco de Almeida Lino, que pretende criar um percurso turístico em torno dos lagares existentes na região, estejam ou não a funcionar. «Os lagares que não funcionam actualmente podem ser reconvertidos em museus ou numa óptica de comercialização do azeite», adianta, lembrando que o importante é criar «uma política de marca» do azeite produzido no país, que, na sua opinião, é «o melhor do mundo».

A rota ainda está a ser delineada, mas o objectivo é que se estenda por todo o país, assim que estiverem constituídos os diversos núcleos da Confraria. «Somos uma organização pequena, ainda estamos a crescer. A Confraria funciona por núcleos e assim que estejam criados nos concelhos, serão eles que terão a competência para decidir por onde passará essa rota», refere o chanceler. A promoção do azeite português começou em Dezembro do ano passado, com a realização do primeiro Festival da Tibórnia, organizado em parceria com a empresa municipal Fundão Turismo. O evento envolveu 14 restaurantes daquele concelho que introduziram nas suas cartas gastronómicas a Tibórnia (pedaço de pão embebido em azeite) da Cova da Beira, o que levou ainda à recuperação daquele termo léxico há muito perdido no vocabulário actual. Entretanto, a CACB lançou mais uma iniciativa de promoção do azeite da região junto das Escolas de Hotelaria do país, disponibilizando “cuvetes” de azeite congelado com aromas. «Trata-se de uma coisa muito simples e que revolucionará a gastronomia portuguesa. Basta congelar azeite e perfumá-lo com salsa, coentros, raspa de limão ou de laranja e, até com chocolate, de modo a substituir a manteiga», explica Francisco de Almeida Lino.

Além de ser «muito mais benéfico para a saúde», o objectivo é promover o azeite de Portugal por todo o mundo. «Houve uma queda brutal na produção de azeite nos últimos 50 anos, mas o facto é que continuamos a exportar e os nossos azeites estão muito bem cotados nos mercados estrangeiros. Queremos é que seja mais bem pago», salienta, esperançado que este produto traga os mesmos dividendos para a agricultura que a comercialização do champanhe “Don Perignon”. «Temos que fazer também esses passos em Portugal, com políticas disciplinadas para os nossos olivais. É que os nossos produtores continuam a ter as mãos calejadas e pretas e com os bolsos vazios. Isso é um paradoxo com o qual queremos acabar. O nosso azeite é o nosso “Don Perignon”», garante. Por isso, a CACB já está a preparar um conjunto de dez medidas para modernizar os olivais portugueses, a propor em breve ao Ministério da Agricultura. «Não queremos subsídios, apenas políticas sustentadas e disciplinadas», adianta, lembrando o contributo deste produto para a economia portuguesa. Até lá, a CACB vai entronizar em Junho os próximos confrades, representantes de todos os concelhos da região, e lançar a Academia do Azeite, vocacionada para a promoção de estudos científicos sobre o azeite nas mais diversas áreas de aplicação, da saúde à cosmética.

Liliana Correia

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