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Romance e Fantasia Celta

Opinião – Ovo de Colombo

“A Filha da Floresta” é o primeiro romance da escritora Juliet Marillier. De origem neozelandesa, mas com uma família de raízes escocesas e irlandesas, Juliet cresceu a ouvir histórias e música celta que influenciaram fortemente a sua escrita. Neste livro, o primeiro de seis da coleção de Sevenwaters, Juliet oferece-nos uma história num cenário irlandês marcado pela natureza, fantasia e misticismo.

Inspirada no conto dos Irmãos Grimm “Os Seis Cisnes”, a história desenrola-se em torno de sete irmãos, filhos do chefe de um Clã que vive amargurado pela perda da sua esposa. Sorcha, a personagem que nos narra os acontecimentos através dos seus olhos, é a filha mais nova de sete irmãos. Nunca tendo chegado a conhecer a mãe, Sorcha foi criada pelos irmãos e por um pai ausente e que pouco conhece de si. Tem 13 anos e é uma verdadeira filha da floresta de Sevenwaters: conhece as árvores, os sete riachos e o grande lago tão bem como as palmas da sua mão. Respeita a natureza e o povo encantado que habita esses locais, e é acarinhada pelos seus seis irmãos que pacientemente a acompanham nas suas descobertas e brincadeiras de criança.

Porém, tudo se altera quando uma nova pessoa surge nas suas vidas, e o mundo que Sorcha e os irmãos conheceram até ali nunca mais será igual. Perdendo a presença dos irmãos e com um pai incapaz de a ajudar, Sorcha vê-se obrigada a fugir e a iniciar uma árdua tarefa para trazer os irmãos de volta, enfrentando muitas provações e sendo obrigada a fazer escolhas dolorosas, dividida pelo amor à família e um novo amor que começa a nascer.

Dirigido a um público que se estende de adolescentes a graúdos, Juliet envolve-nos numa história de amor que nos marca por tantos elementos: o amor entre irmãos, a força dos laços familiares e a força que os sentimentos podem ter face aos mais dramáticos acontecimentos. Ao longo do livro acompanhamos o crescimento de Sorcha, as suas alegrias, tristezas e provações. Identificamo-nos consigo, choramos as suas dores, apaixonamo-nos pela sua força de carácter e sentimos a paixão e o significado de um primeiro amor. Sorcha transporta consigo uma árdua tarefa não só exterior mas sobretudo interior, e demonstra estar à altura do desafio – mesmo que isso tenha um preço elevado.

Este livro transporta-nos para um universo celta muito agradável e complexo, dando-nos a conhecer um pouco mais de um povo que faz parte da mitologia irlandesa, ainda que com algumas adaptações específicas para a história em questão. É um romance a não perder para todos os que gostam de histórias de amor e fantasia.

Por: Elsa Conde, Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela Faculdade de Psicologia da UL

Participação especial

Próxima semana: João Gonçalves

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