Habitualmente usados para satisfazer estômagos, as cenouras, alhos franceses, pepinos, rabanetes, beringelas, nabos, couve lombarda e pimentos, entre outros vegetais, também podem ser música para os ouvidos. Esse é o desafio tornado realidade pela First Vienna Vegetable Orchestra, que actua amanhã à noite com legumes fresquinhos no grande auditório do TMG. Trata-se de uma estreia absoluta em Portugal, ao fim da qual os espectadores são chamados ao palco para partilhar uma sopa com os músicos.
A First Vienna Vegetable Orchestra foi fundada em Janeiro de 1998 na capital da Áustria. Desde então que os seus 10 elementos, com formação e actividade artística diversa, trabalham neste projecto inédito e surpreendente. É que fazer música com vegetais não está ao alcance de qualquer um. É preciso criar os instrumentos, baptizá-los e desenvolver as composições seleccionadas a partir de uma multiplicidade de estilos, que vão da música tradicional africana aos clássicos europeus, à música experimental ou à electrónica. Os instrumentos são hortaliças e utensílios de cozinha nalgumas composições mais complexas. O resultado parece não deixar mal os seus executantes, porque a orquestra já deu música a muito boa gente por esta Europa fora e não são conhecidas eventuais queixas. O certo é que, por onde passa, a First Vienna Vegetable Orchestra deixa a assistência geralmente satisfeita, mais não seja por causa da sopa confeccionada com os instrumentos utilizados.Mas antes de consolarem as barrigas, cenouras, pepinos, rabanetes ou beringelas são alguns dos ingredientes inesperados de um novo e autónomo estilo de música impossível de comparar com os sons convencionais.
Em palco, vindos directamente da horta ou da banca de mercado mais próxima, lá estão as percussões, os saxofones, clarinetes, as flautas e as marimbas. Mas também os samplers e as caixas de ritmos que fazem furor no último álbum intitulado “Automate”, que resulta da adaptação de elementos e estruturas da música electrónica para esta orquestra viçosa. A First Vienna Vegetable Orchestra leva-se a sério e ajusta-se à estrutura tradicional deste tipo de formações clássicas. Os músicos vestem fato preto e interpretam um programa de concerto, seguindo partituras ou improvisando. O resultado é uma performance ajustada às necessidades estilísticas de cada peça. No site da orquestra (www.gemueseorchester.org/) pode ler-se que todos acreditam que podem «criar sons que não são facilmente produzidos por outros instrumentos». E garantem que «a diferença pode ouvir-se», dizendo que alguns sons «parecem-se» com animais ou são apenas abstractos. Comparações à parte, é certo e sabido que tudo isso vai acabar numa boa sopa, confeccionada imediatamente após o concerto por outros artistas, os cozinheiros. A First Vienna Vegetable Orchestra tem dois CD’s editados, “Gemise”, o primeiro, e “Automate”.
Luis Martins