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Retratos da Guarda na rua

Iº Encontro Ibérico de Artistas Plásticos, organizado pela Associação Comercial, juntou 50 participantes

«Então, o senhor não vai almoçar? O quadro está a ficar muito bonito», dizia um guardense no último sábado a Vifer, enquanto o pintor dava mais uns retoques no seu Arco das Portas do Sol. O artista de Carnaxide foi um dos cerca de 50 participantes do Iº Encontro Ibérico de Artistas Plásticos, organizado pela Associação Comercial da Guarda (ACG), que deu um colorido diferente a vários locais da cidade. A incontornável Sé Catedral, a zona histórica ou o Jardim José de Lemos foram alguns dos pontos escolhidos por portugueses e espanhóis.

Carlos Garcia Medina foi um dos participantes vindos de Ciudad Rodrigo. O pintor mostrou-se bastante agradado com a possibilidade de «pintar a Guarda» e escolheu a Igreja de S. Vicente, cuja fachada o cativou. «Está a ser uma experiência muito bonita porque a Guarda tem recantos muito antigos e pitorescos», realça. Outro aspecto «interessante» destacado pelo pintor espanhol é o facto de uma percentagem resultante da venda dos quadros reverter a favor de Instituições Particulares de Solidariedade Social da região. Também Vítor Fernandes, aliás Vifer, considerou a iniciativa da ACG «maravilhosa» e um exemplo a seguir noutras localidades do país, uma vez que os pintores têm «poucas iniciativas onde possam demonstrar a sua habilidade», lamenta. Vindo na véspera, aproveitou para passear um pouco e ficou «agradavelmente surpreendido» com o Arco das Portas do Sol. Igualmente de fora da Guarda, mas de mais perto, chegou Celestino Ramos, que elegeu a Sé Catedral para retratar. O artista, com atelier em Tondela, elogia esta «experiência nova e diferente», bem como a organização. «São necessárias mais iniciativas do género e a constatar-se pela motivação dos pintores», sublinha.

Mais habituado a pintar o “ex-libris” da cidade está o guardense Luís Rebello, cerca de uma «dúzia de vezes», calcula. «Já faço isto quase de olhos fechados», refere, considerando este evento uma «boa acção», mas que «precisa de ser divulgada» para as pessoas contactarem com os pintores. «Já aqui estiveram crianças, adultos, velhinhos… e isso é que é lindo, porque não é só no atelier que se faz arte», frisa. Após o primeiro encontro de pintura ao ar livre, em Dezembro, que juntou cerca de 20 pintores, a ACG voltou a apostar num evento similar. «Conseguiu-se ter as pessoas na rua a questionarem os pintores, o que significa uma envolvência muito interessante», realça Paulo Manuel, dirigente da associação e responsável pela organização. Apesar do número de pintores participantes não ter sido «plenamente atingido», já que a ACG apontava para 100 artistas, o empresário diz que a intenção é «continuar a crescer», justificando ter havido «muitas desistências nos últimos dias». Fruto do contacto com muitos artistas, estão já na forja mais iniciativas ligadas à arte para animar comercialmente a cidade, divulgar as artes plásticas e promover o turismo na região. Os quadros pintados neste encontro vão estar expostos, a partir de segunda-feira, na Sala dos Arcos do Hotel de Turismo da Guarda. Esta colectiva vai ser inaugurada às 18 horas. Posteriormente, transitará para outros pontos do distrito.

Ricardo Cordeiro

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