Os utentes da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda ainda não podem fazer exames de ressonância magnética porque o equipamento ainda não está a operacional. Instalado em 2013, o aparelho fez parte do apetrechamento inicial do novo bloco do Hospital Sousa Martins e custou um milhão de euros mas nunca funcionou, primeiro por falta de radiologistas e depois devido ao desaparecimento do hélio necessário ao seu funcionamento.
«Está pronto, a Toshiba já fez testes, houve formação para os nossos técnicos, mas a Ressonância Magnética ainda está em fase de aperfeiçoamento», confirmou o diretor clínico da ULS. Gil Barreiros adiantou que, ontem, estava prevista a vinda do diretor de serviço de Imagiologia do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC) para testar o equipamento e introduzir os protocolos de atuação que vão possibilitar o envio por telemedicina de exames para Coimbra. «O professor Caseiro Alves, que é uma sumidade nesta área, vai fazer alguns exames e TAC’s e aperfeiçoar o uso deste equipamento. Posteriormente virá uma vez por semana, enquanto outros médicos do CHUC virão à Guarda dar formação e preparar melhor os nossos técnicos para o envio de exames, no âmbito de um protocolo assinado recentemente», acrescentou o médico.
Gil Barreiros diz não haver ainda data prevista para a disponibilização da Ressonância Magnética aos utentes da ULS, até porque também é preciso assegurar o serviço internamente. Nesse sentido, foi garantido esta semana que a médica radiologista de Viseu venha três dias por semana (mais um do que até agora), sendo que os restantes dois são assegurados pela radiologista do quadro da ULS, atualmente a trabalhar no Hospital de Seia. «É uma situação que não acontecia há muito na Guarda, onde continuamos sem especialistas durante a noite», afirma o diretor clínico, que espera poder colmatar essa lacuna com o protocolo celebrado com o CHUC. «A vinda de Caseiro Alves é um passo decisivo para o funcionamento do aparelho», garante o médico. Entretanto, não são conhecidos os resultados das investigações realizadas pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e pela Polícia Judiciária, chamadas, em outubro de 2015, a apurar o que se passou com a Ressonância Magnética.
O caso foi revelado por O INTERIOR, em setembro desse ano, que noticiou que o único aparelho de Ressonância Magnética existente nos três hospitais da Beira Interior (Guarda, Covilhã e Castelo Branco) nunca foi estreado. A falta de médicos radiologistas na ULS da Guarda foi adiando a sua utilização até que, em agosto de 2013, quando a administração pretendia pô-lo a funcionar com a chegada de mais uma especialista, se deu pela falta de hélio. Para repor os níveis deste gás utilizado para arrefecer os hímenes das máquinas de IRM (imagem por ressonância magnética) e obter imagens de qualidade, a ULS teve que gastar mais de 100 mil euros.
A situação motivou mesmo a abertura de um processo de averiguações, a cargo do auditor interno, para descobrir o que aconteceu e apurar responsabilidades. O caso tem ainda mais relevância porque esta é a única Ressonância Magnética existente na Beira Interior para exames complementares de diagnóstico, mas de nada tem servido aos utentes dos hospitais da região, que têm que fazer estes exames em clínicas privadas.
Luis Martins
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