A presidente da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos (APRH), Teresa Leitão, defendeu segunda-feira que em Portugal não há falta de água, mas sim uma incorrecta gestão das reservas. «Portugal não tem água a menos. Comparativamente com Espanha, por exemplo, temos o dobro da quantidade de água per capita. Temos é que fazer uma melhor gestão anual da água», afirmou aquela responsável, na Universidade da Beira Interior (UBI).
Teresa Leitão falava durante o seminário “Ciclo Urbano da Água”, um encontro técnico organizado pela APRH e dedicado à análise dos níveis de cumprimento nacional do quadro legislativo europeu. «O consumo de água anual no país é de 7,5 mil milhões de metros cúbicos, enquanto temos 12 mil milhões nas albufeiras. Ou seja, temos mais água armazenada do que a que gastamos no ano inteiro», salientou. «Acrescem ainda as reservas subterrâneas, onde há mais mil milhões de metros cúbicos», afirmou. Teresa Leitão considerou igualmente que Portugal fez um «grande esforço em obras na última década, com resultados visíveis, porque os efeitos desta seca foram muito diferentes de outras anteriores». Ainda assim, disse, são precisas mais infraestruturas. A presidente da APRH deu como exemplo o que se passa com a Barragem do Alqueva, onde «por falta de infraestruturas, há uma preciosa reserva de água que não pode ser utilizada». Teresa Leitão alertou também para o facto de a actual seca não ser uma situação excepcional. «Os registos desde o início do século XX mostram que todas as décadas há dois a quatro anos de seca. Temos que contar com eles na gestão dos recursos hídricos. Não nos podemos comportar com surpresa», concluiu. O encontro prosseguiu ontem com visitas à barragem do Sabugal, às obras do transvaze Sabugal-Meimoa e a duas estações de tratamento de esgotos da empresa Águas do Zêzere e Côa.
