O presidente da concelhia da Guarda do PSD pediu desculpas aos autarcas citados no caso da votação de braço no ar para a escolha do próximo candidato à Câmara da Guarda. Couto Paula garante que o que se passou na semana passada foi «deturpado» e que se tratou apenas de «convidar» Ana Manso para encabeçar a candidatura. «Não é nenhum compromisso», disse durante uma conferência de imprensa, realizada na última quinta-feira, em que também recusou demitir-se. Presente na sede social-democrata, José Gomes, preterido naquela reunião, contra-atacou e acusou a concelhia de «já não representar os militantes» e de «não ter condições» para escolher o candidato. «Entendo que tenho melhores condições que Ana Manso», desafiou.
O que é certo é que a confusão se instalou no PSD local, após a concelhia ter indicado Ana Manso para concorrer à autarquia da capital de distrito durante um plenário polémico. A reunião, realizada dia 12, foi convocada à pressa para o final da tarde com o único propósito de escolher o candidato. Em cima da mesa estiveram seis nomes, cinco dos quais desconheciam que iam ser votados. Pior, só mesmo o método usado. É que Ana Manso obteve a unanimidade dos presentes, apenas nove votos, durante uma votação de braço no ar. Uma eleição «nunca vista» e «anti-democrática», acusou de imediato José Gomes, o segundo mais votado com três apoiantes, que anunciou entretanto que vai impugnar esta «pseudo-eleição». Também Crespo de Carvalho, vereador independente eleito pelo PSD, Álvaro Amaro, líder camarário de Gouveia, Júlio Sarmento, autarca de Trancoso, e José Manuel Biscaia, edil de Manteigas, os restantes nomes em liça, criticaram o facto de terem sido envolvidos sem o seu consentimento. Dois dias depois da polémica, Couto Paula veio pôr “água na fervura” e insinuou que António Júlio, presidente da JSD da Guarda, teria sido o responsável pelo «deturpar» de um assunto interno do partido.
O jovem social-democrata já tinha antes pedido a demissão da concelhia, no que foi seguido por outros destacados militantes. Debaixo de fogo, o líder da concelhia desvalorizou o caso da votação de braço no ar, classificando-a de «clara e democrática», para além de ser «norma no partido, o contrário é que é estranho», sublinhou. Couto Paula explicou ainda não ter havido «precipitações» e que a escolha dos nomes resultou do facto de «todos eles» terem manifestado disponibilidade. «Mas podiam ser estes como outros quaisquer», adiantou, ficando agora à espera que Ana Manso se decida. Quem não vai esperar é José Gomes e um grupo de militantes, como Rui Quinaz, Jacinto Dias, Pedro Nobre, Baltazar Lopes ou Fernando Almeida, para quem a concelhia cometeu um «acto irregular», pelo que o que aconteceu a 12 de Abril «não existe». O engenheiro, que escreveu a Couto Paula a manifestar a sua disponibilidade para ser candidato, lembrou a propósito que o PCP foi obrigado a abandonar a votação de braço no ar porque é «anti-constitucional e anti-democrática».
E conclui que a concelhia tem «medo de alguma coisa para reunir à pressa e propor à força o candidato, pois sente que lá fora não tem apoio». José Gomes reiterou a sua disponibilidade, mas acha que a escolha deve agora ser promovida por «instâncias superiores». Entretanto, Rui Quinaz, antigo presidente da concelhia, requereu a nulidade da decisão da concelhia «por ser necessário ouvir as bases do partido, no cumprimento das mais elementares regras éticas e estatutárias, e de acordo com a melhor tradição do PSD».
Luis Martins