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Requalificação do Sousa Martins reduzida

ULS já terá pronta a reprogramação da segunda fase da empreitada, que custará menos e será feita em três fases

A Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda prepara-se para propor à tutela a reprogramação da empreitada de requalificação e ampliação do Hospital Sousa Martins que implica a redução da área a intervencionar e menos investimento, apurou O INTERIOR. Uma síntese do que se pretende fazer foi apresentada na passada quinta-feira a alguns autarcas do distrito, após uma visita ao novo pavilhão.

A primeira fase da intervenção está concluída, mas a obra encontra-se suspensa por dívidas ao consórcio que também deveria requalificar os pavilhões mais antigos, construídos nos anos 50 e 90. Contudo, Ana Manso, que preside ao Conselho de Administração da ULS, terá sido obrigada a meter os planos iniciais na gaveta devido aos constrangimentos orçamentais. É que, de acordo com o que foi apresentado aos autarcas, a segunda fase vai multiplicar-se em mais três e custará cerca de menos de metade do inicialmente previsto, uma vez que a área a intervencionar será consideravelmente menor. A responsável terá deixado claro à comitiva que considerava prioritárias as três primeiras fases: a abertura do novo pavilhão, a adaptação do edifício onde funcionam atualmente as Urgências, Consultas Externas, Cirurgia, Imagiologia e Ortopedia, bem como a requalificação da ala esquerda do pavilhão central, mais antigo.

O restante – ala direita deste edifício e recuperação dos pavilhões centenários do antigo sanatório – ficariam para mais tarde, nas quarta e quinta fases, sendo, por isso, menos prioritários. Um dos presentes ouvido por O INTERIOR adianta que Ana Manso terá explicado que esta opção implicará «reduzir o investimento total inicialmente previsto de 124 milhões (19 dos quais para equipamento) para 58 milhões de euros, ou seja, um corte superior a 50 por cento. O problema é que, se deduzirmos os 52 milhões da primeira fase, sobram cerca de seis milhões para o resto quando estavam previstos – e foram adjudicados – cerca de 60 milhões em obra ao consórcio». Ana Manso terá acrescentado ainda que estas novas fases não estão adjudicadas e, pior, alegou que os seus antecessores na ULS terão adjudicado a primeira e segunda fases da obra «sem haver despacho superior para tal», dando a entender que os concursos públicos teriam sido realizados «sem autorização nem financiamento assegurado».

A administradora revelou também que a empreitada «não teve visto do Tribunal de Contas». Por outro lado, Ana Manso não terá confirmado se estas alterações foram produzidas pelo Gabinete de Acompanhamento da Remodelação e Ampliação do Hospital de Sousa Martins, criado pela ULS a 18 de abril último. Esta foi a terceira visita guiada promovida pela administração da ULS na semana passada, depois do pavilhão e dos novos projetos terem sido mostrados aos enfermeiros-chefes e aos diretores de serviços do hospital.

Autarcas divididos sobre reprogramação da obra

Oito presidentes de Câmara e alguns vereadores em representação dos respetivos municípios responderam ao convite da ULS para visitar o novo pavilhão, cuja inauguração deverá ocorrer brevemente. Os autarcas também ficaram a conhecer o que se pretende fazer no resto da obra.

Júlio Sarmento confirmou a O INTERIOR que esta proposta de reprogramação é da «inteira responsabilidade da ULS, não conheço nenhum documento do ministério ou da ARS sobre esta matéria». No entanto, o autarca de Trancoso e líder da Distrital do PSD parece ter gostado do que viu e ouviu na passada quinta-feira: «Se for garantido que se faz todo o projeto previsto por menos dinheiro e em menos tempo, isso agrada-me», disse, ressalvando que tudo não passa ainda de «estimativas». Contudo, sempre admite que concordará com o plano da ULS desde que sejam salvaguardados três pressupostos. «Primeiro, que estas mudanças não atrasem as obras, depois que não impliquem a condenação do Estado ou da ULS ao pagamento de indemnizações ao consórcio construtor. Finalmente, que não seja prejudicado o financiamento da empreitada para evitar que se arrastem no tempo e adiem um equipamento que é crucial para a Guarda e o seu distrito», justificou.

Para Júlio Sarmento, o que é preciso agora é «negociar com o consórcio, uma vez que a obra foi adjudicada na totalidade». O edil também não se mostrou incomodado com a reformulação do projeto e a definição de prioridades, dizendo que se isso acontecer tratar-se-á apenas de «desengordurar o projeto daquilo que é supérfluo». E acrescentou que «não se podem fazer milagres quando o dinheiro escasseia». Na sua opinião, se este processo correr bem será «um ato de gestão muito importante, caso contrário é preciso tirar ilações e consequências». Por sua vez, o socialista Esmeraldo Carvalhinho adiantou que a apresentação feita por Ana Manso não o esclareceu «em termos da resolução concreta» da requalificação do Hospital Sousa Martins. «Gostava era de ter visto as obras a avançar e que os empreiteiros tivessem recebido, mas a isso não me responderam», lamentou. O autarca de Manteigas insiste que teria sido «importante que nos dissessem quando começa a segunda fase, uma data, pois apenas nos foi dito que será retomada a breve trecho».

De resto, escusa-se a comentar «uma apresentação de diapositivos e de números, que não é a mesma coisa que um documento concreto sobre a reprogramação das obras». Apesar disso, Esmeraldo Carvalhinho sublinhou que o novo pavilhão é «muito melhor do que aquilo que alguma vez foi feito no hospital da Guarda» e que este equipamento é «muito importante para o distrito por ser moderno». Por outro lado, o socialista considera «irónico» que Ana Manso queira agora a obra no Parque da Saúde quando, «há uns anos se opôs a que um novo hospital ali fosse construído». Joaquim Valente não esteve disponível para falar com O INTERIOR sobre este assunto, enquanto Ana Manso não quis comentar.

Luis Martins Autarcas visitaram novo pavilhão na passada quinta-feira e ficaram a conhecer os planos da obra restante

Comentários dos nossos leitores
arnjoses arnaldo.amorim@hotmail.com
Comentário:
Tanta conversa fiada! A administração a ULS tem de pagar ao empreiteiro para que as obras se ultimem! Para que quem lá trabalha receba o que é seu! Caloteiros sem vergonha!
 

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