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Requalificação da Rua do Comércio a concurso

Empreitada que inclui cobertura transparente e parcial da via pedonal está orçada em cerca de 770 mil euros

A Câmara da Guarda vai lançar o concurso público para a empreitada de requalificação das ruas do Comércio e Augusto Gil e aprovou a adjudicação da elaboração dos projetos finais de requalificação urbana do denominado eixo central da cidade, entre o Largo da Misericórdia, Torre dos Ferreiros e Jardim José de Lemos, mais o parque municipal.

As intervenções foram apresentadas numa sessão pública, na passada segunda-feira, pelo presidente da autarquia, para quem estes projetos vão fazer «renascer» a Guarda. A empreitada mais vistosa é a melhoria da Rua do Comércio, cujo autor, o arquiteto João Cláudio Madalena, propõe a instalação de uma cobertura em policarbonato compacto transparente em «80 a 90 por cento da zona pedonal». A empreitada terá um custo global de cerca de 770 mil euros, mas já tem garantido financiamento comunitário, pelo que «custará ao município 100 mil euros», adiantou Álvaro Amaro, para quem esta é «uma obra marcante para a cidade». Trata-se do segundo projeto apresentado por João Cláudio Madalena para o local porque o concurso inicial foi anulado. O objetivo é tornar aquela artéria «mais atrativa para os peões e para o comércio ali existente», assumiu o autarca, que também não excluiu a hipótese de fazer regressar o tráfego rodoviário. «É uma possibilidade que não nos deve ocupar por enquanto, mas espero que os guardenses possam refletir nela e até admito um referendo sobre o assunto porque não quero decidir sozinho», sublinhou o edil.

O município estima que esta obra possa ser adjudicada no Verão, já as restantes vão agora entrar na fase de elaboração dos projetos finais para posterior abertura do concurso de obra. Segundo Álvaro Amaro, o Largo da Misericórdia vai ser transformado «numa verdadeira praça», enquanto na Torre dos Ferreiros pretende-se fazer «um polo de atração» da cidade mais alta. Neste caso, o presidente da Câmara anunciou que a requalificação já tem garantidos 500 mil euros do FEDER. O edil assumiu ainda que espera requalificar o Jardim José de Lemos e o parque municipal até ao verão de 2017, zonas verdes para as quais prometeu um «“lifting” para as tornarmos mais atrativas e mais visitadas». Os custos destes quatro projetos ainda não estão calculados.

Nesta sessão, Álvaro Amaro anunciou que o município irá requalificar três rotundas (Dorna, Alvendre e Rio Diz) e plantar 2.000 árvores na cidade, nomeadamente bétulas, teixos, liriodendros, faias e castanheiros da Índia. Uma das áreas abrangidas é a Avenida Cidade de Salamanca, onde serão cortados 40 cedros por «questões sanitárias, de segurança e de melhoria das condições de habitabilidade dos apartamentos naquela artéria», declarou um dos técnicos responsáveis pelos trabalhos, que, confrontado com o facto da Guarda querer ser uma cidade bioclimática, tranquilizou os presentes dizendo que «o aspeto das alergias foi devidamente avaliado» para esta intervenção.

Amaro e Carreira voltaram a discutir

A discussão entre Álvaro Amaro e o vereador socialista Joaquim Carreira subiu de tom na reunião de Câmara da última segunda-feira.

O eleito da oposição queixou-se de que o ponto da ordem do dia relativo à requalificação urbana do eixo central da Guarda estava «mal instruído e incompleto» porque faltavam os estudos prévios que estiveram na base da adjudicação do trabalho a um gabinete de Braga. Logo, os dois vereadores do PS alegaram não ter condições para votar, tendo optado pela abstenção. «Concordamos com a iniciativa, mas desconhecemos os projetos e o que se pretende fazer», declarou Joaquim Carreira aos jornalistas no final da sessão. Na resposta, Álvaro Amaro referiu que, «por serem documentos da agenda», os eleitos da oposição poderiam consultá-los «porque são de livre acesso». Aos jornalistas, o presidente considerou mesmo que «eles é que não quiseram consultá-los, porque os estudos prévios em causa estavam à sua disposição desde a passada quinta-feira».

O edil considerou ainda que tudo não passou de «um incidente para quem não quer discutir a essência das coisas». Nesta sessão, Joaquim Carreira queixou-se de lhe ter sido negada a consulta ao processo da tela instalada sobre as fachadas degradadas da Praça Velha, conforme tinha solicitado há quinze dias. «Ficámos a saber que doravante os documentos pedidos em reunião de Câmara serão entregues na reunião seguinte e que para consultas de processos ou documentos teremos que pedir autorização ao vice-presidente da Câmara. São regras novas para nos impedir o acesso à informação num claro desrespeito pelo estatuto da oposição», criticou o vereador socialista. Na segunda-feira, o executivo aprovou por maioria, com a abstenção do PS, a contração de empréstimos a médio e longo prazo, no valor de 19 milhões de euros e em condições mais favoráveis para as finanças da Câmara, para a liquidação antecipada de outros empréstimos.

Luis Martins Projeto do arquiteto João Cláudia Madalena quer fazer da Rua do Comércio uma artéria «mais atrativa para os peões e para o comércio ali existente»

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