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Relação preço/qualidade das habitações na Guarda é «medíocre»

Estudo elaborado por alunos de Comunicação e Relações Públicas indica que a Sequeira é uma zona cada vez mais procurada para morar

Mais de 60 por cento dos habitantes da Guarda considera que a relação preço/qualidade das habitações na cidade é «medíocre». Esta é uma das principais conclusões de um estudo sobre a compra de habitação na cidade da Guarda, elaborado no âmbito do curso de Comunicação e Relações Públicas, da Escola Superior de Educação da Guarda do IPG, feito com base num inquérito a 200 pessoas em Junho deste ano. Entre as zonas mais procuradas para a compra de habitação encontram-se a Sequeira, o centro e o bairro de Nossa Senhora dos Remédios.

Para a realização deste estudo foi considerada a população com residência na Guarda ou nas suas imediações, o que equivale a um universo de trabalho de 23.639 pessoas, segundo dados dos Censos 2001. O questionário às 200 pessoas, escolhidas de uma forma «totalmente aleatória», foi realizado no centro histórico e em grandes superfícies comerciais, uma vez que, segundo os autores do estudo, este método é «mais propício à intercepção de pessoas de todas as categorias, todos os níveis sócio-económicos e de todas as zonas da cidade». No que toca ao estudo propriamente dito, verifica-se então que 61 por cento dos entrevistados classificam a relação preço/qualidade das habitações na cidade como «medíocre».

Uma conclusão «importante, mas que não é surpreendente» e revela uma «resposta claramente desfavorável no que toca à relação preço/qualidade da habitação na Guarda», realça Paulo Manuel, professor da disciplina de Estudos de Mercado e orientador do trabalho. De acordo com o mesmo parâmetro analisado, apenas 30 por cento dos entrevistados consideram que a relação preço/qualidade é razoável, enquanto que apenas 0,5 por cento a classificam como muito boa. Entre os factores mais apontados que faltam nas casas comercializadas na Guarda está a deficiente qualidade de acabamentos. Quanto às condicionantes tidas como «determinantes» na escolha da localização de uma habitação, as acessibilidades surgem em primeiro lugar, seguidas, de muito perto, pela segurança e, obviamente, o preço. Por outro lado, verifica-se que metade dos guardenses pretende adquirir habitação nos próximos anos, sendo que 33 por cento tenciona fazê-lo entre um a cinco anos.

Quanto às zonas mais procuradas para a compra de habitação encontram-se o centro da cidade, o bairro de Nossa Senhora dos Remédios e a Sequeira, uma zona que vem ganhando terreno, sublinha Paulo Manuel: «Há muita gente a procurar a Sequeira porque o preço é apelativo e é uma zona bem servida em termos de acessibilidades, perto do IP5, A23 e VICEG», enquanto que a zona vizinha da Estação começa a ser «autónoma», com grande parte dos mesmos serviços que existem no centro da cidade. Para o docente, o estudo é «bastante pertinente», uma vez que ainda não tinha sido feito nada do género. Também as questões analisadas são importantes «não apenas sob o ponto de vista da análise sociológica, mas também para os próprios investidores», adianta.

T1’s pouco procurados

Para Paulo Manuel, um dos dados mais interessantes do estudo é que, ao contrário do que a generalidade das pessoas pensa, os T1 e os T2 são uma tipologia «muito pouco procurada» por quem quer comprar casa na cidade. Assim, no início do estudo, os autores tinham a percepção de que havia «uma forte carência de T1’s na Guarda» para situações familiares de indivíduos que moram sozinhos, mas, segundo este trabalho, «poucas são as pessoas que procuram esse tipo de habitação, daí que os empreiteiros não as construam», constata. Por outro lado, as residências com quatro e cinco assoalhadas (T3 e T4, respectivamente) são «claramente as mais procuradas», sendo que o apartamento é predominante em todas as faixas etárias, em detrimento das moradias. Em relação ao preço, grande parte considera que está disposta a pagar entre 75 mil e 125 mil euros. Outra conclusão «muito interessante», segundo Paulo Manuel, é que quem recorrem aos capitais próprios na aquisição de uma habitação, «grande parte das situações», são sobretudo os mais jovens, o que reflecte o «apoio paternal». Entre os 25 e os 31 anos, o crédito hipotecário isolado é a opção mais vezes seguida, enquanto que, a partir dos 39, voltam a surgir os capitais próprios.

Ricardo Cordeiro

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