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Reitor da UBI defende horários rígidos para bares em tempo de aulas

Santos Silva acusa estabelecimentos nocturnos de levarem ao insucesso escolar, mas empresários da noite e estudantes refutam a posição

«É absolutamente necessário que o Governo tome medidas, porque não faz sentido nenhum que haja casas abertas toda a noite e que os alunos façam directas para as aulas». É desta forma que Santos Silva contesta os horários nocturnos actualmente em vigor na Covilhã. Para o reitor da UBI, este tipo de estabelecimentos deveriam estar no máximo abertos até «às duas ou três da manhã», reforçando que as «noitadas levam ao insucesso escolar» dos estudantes.

«Não sou contra os estabelecimentos nocturnos, mas em tempo de aulas deveria haver medidas mais duras» na regulação dos horários nocturnos, defende, considerando que terá que ser a Assembleia da República a debruçar-se sobre a questão. Posição defendida também pelo reitor da Universidade Católica Portuguesa, Manuel Braga da Cruz, no último domingo em entrevista ao Público/Rádio Renascença. Opiniões que os empresários da noite contactados por “O Interior” refutaram. «Tudo depende da consciência de cada um», defende Francisco Carriço, dos “Sons e Sabores”, para quem «não se pode culpar os bares de todo o mal». «Para o insucesso escolar contribuem muitos factores que não as saídas à noite», acredita, indo de encontro à posição defendida por Lino Torgal, do “Amo-te Covilhã”. «Os jovens quando não querem estudar, e se não tiverem bares, arranjam sempre outras coisas para fazer», como estar em casa com os amigos ou jogar computador, sublinha, afirmando que as posições dos reitores resultam apenas de «uma visão conservadora da realidade».

O proprietário do “Birras” também defende que «as pessoas só saem quando podem,» pelo que é raro ver estudantes na rua quando há exames e frequências. «Depois da recepção ao caloiro, as pessoas não saem tanto por causa dos exames. Só costuma haver um maior fluxo às quintas-feiras, que é para as pessoas descomprimirem dos estudos», sustenta. Opiniões semelhantes têm os estudantes Ana Cruz, de Informática (Ensino) e Sérgio Brito, de Engenharia Informática, para quem as saídas à noite dependem da «consciência de cada um», considerando redutor a responsabilização dos bares na pouca aplicação nos estudos. «Quando se fala em insucesso escolar não se pode excluir tudo o que existe à volta do ensino superior», como as matérias leccionadas, a distância dos familiares ou até mesmo a desmotivação do aluno pelo curso, refere Ana Cruz. «Não é um problema de consciência de cada um», contradiz o reitor da UBI. «Eu também já fui jovem e sei como é. Também fazia noitadas, mas há uma ou duas horas já estava tudo fechado», recorda, considerando que hoje em dia «caiu-se no exagero» de manter os estabelecimentos abertos durante toda a noite.

O que, na sua opinião, impede os alunos de irem às aulas e aqueles que o fazem, vão de directa apenas para marcar presença, quando na realidade estão a dormir nas cadeiras. É por isso a favor de horários mais rígidos para a indústria da noite em tempos de aulas para que o futuro de Portugal não esteja comprometido. «A maior riqueza de um país são os meios humanos qualificados e não é na noite que qualificamos os nossos recursos», sustenta Santos Silva, para quem é urgente tomar medidas de regulação da noite a nível nacional para que «se mudem os hábitos da sociedade portuguesa». Apesar de desconhecer o regulamento municipal para os estabelecimentos comerciais e nocturnos, Santos Silva não deixa de condenar que a discoteca esteja aberta até às seis da manhã durante a semana. «É um erro», sentencia.

Liliana Correia

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