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Reiterar o óbvio

Repito. Admitamos a importância de, há cem anos atrás, alguém ter pensado que um hospital, antes sanatório, não é apenas o espaço ocupado pelo edifício, pelos acessos e parques de estacionamento. Tomemos como princípio algo que já possuímos, querer um hospital onde os edifícios pontuam o verde, e não onde o verde pontua os edifícios.

Assim sendo, proponho que o parque da saúde seja alargado, que salte sobre a V.I.C.E.G., que abranja a Quinta do Pina, que se trate a área verde existente e se plantem outras tantas centenas de árvores. Que se construa um edifício que faça esta ponte, escondido entre o verde, apenas marcado por um passagem aérea sobre a via de cintura (com passadiços rolantes, para o público, e uma via para carros eléctricos, de utilização interna). Localizem-se as urgências e a consulta externa do lado da Quinta do Pina, e o internamento do lado da actual cerca, na área não arborizada, teríamos um edifício horizontal e bipolar, a nova referência de um parque da saúde alargado, que poderia enquadrar também o hospital geriátrico, o centro de saúde, a escola de enfermagem, resolvendo a complementaridade inerente ao conjunto formado por todos eles, que não poderá ignorar o restauro dos edifícios preexistentes. Junto às urgências, de vocação mais dinâmica, poderia talvez agregar-se algum comércio e serviços de apoio, talvez habitação, garantindo várias possibilidades de negociação dos terrenos.

É fácil propor, não é? Pois reitero o óbvio. Esta hipótese, tal como outras, quer de localização, quer de dimensão ou vocação, não dispensa estudos técnicos profundos (que são muito mais que exercícios de medição deste ou daquele terreno), não dispensa o enquadramento em instrumentos de planeamento e gestão do território sendo que, sempre que deles distanciada, se torna frágil, precipitada e sobretudo, duvidosa. E este “pequeno” pormenor, segundo creio, falha em todas as propostas que, segundo sabemos, estão na calha das opções da câmara e do ministério da saúde, mesmo quando estamos em fase de revisão do Plano Director Municipal. Será possível?

Por: Cláudia Quelhas

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