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Rede Portuguesa de Teatros Municipais com futuro incerto

Cultura é uma das áreas mais “sacrificadas” em épocas de contenção

O financiamento da área cultural, nomeadamente a constituição da Rede Portuguesa de Teatros Municipais, tem agora um futuro mais incerto, devido à contenção orçamental que o pedido de ajuda financeira à Europa vai acarretar. No final da entrega da medalha de mérito cultural ao diretor do Teatro Municipal da Guarda, que teve lugar na segunda-feira, a Ministra da Cultura acabou por reconhecer que «ainda não se sabe se a rede de teatros irá apertar».

Numa outra visita à cidade, em fevereiro, Gabriela Canavilhas anunciou que a tutela iria finalmente financiar o TMG e, semanas mais tarde, deu conta da intenção de criar uma Rede Portuguesa de Teatros Municipais. A legislação estaria preparada e seria apresentada em maio. No entanto, a demissão do primeiro-ministro e o recente pedido de resgate financeiro às instâncias europeias acabam por colocar reticências a esse desígnio. «Quando apresentei o projeto na Guarda, ao voltar para Lisboa, consegui ter a entrada de mais cinco milhões de euros para o Ministério da Cultura, provenientes das receitas dos jogos sociais. Preparei legislação, para ser apresentada em maio. Mas agora ficou em stand-by», lamentou, acrescentando que «basta o Partido Socialista ganhar as eleições» e a medida irá para a frente. Ainda assim, a titular da pasta da Cultura admitiu que, caso esse cenário não se verifique, há poucas certezas sobre o que irá de facto acontecer: «Não sabemos qual vai ser o resultado da negociação entre Portugal e a Europa, não sabemos quais vão ser as consequências deste novo desenho financeiro do próximo governo», admitiu.

O diretor do TMG reconheceu que receia que haja uma redução do investimento nas artes, ao longo dos próximos anos. «Vivem-se tempos marcados pelo populismo e discursos economicistas e catastróficos e nestas circunstâncias a cultura tende a ser esquecida, relegada para o plano das coisas menores», lamentou. Defendendo precisamente o contrário, Américo Rodrigues acredita que a «cultura deve ser estruturante» e por isso garantiu que o Teatro Municipal está empenhado em encontrar formas diferentes de financiamento e de «adaptação a uma nova realidade», caso se confirmem cortes na área cultural.

Apesar das dúvidas, ainda durante a cerimónia de homenagem a Américo Rodrigues, a ministra preferiu deixar palavras de tranquilidade, no que diz respeito ao financiamento da área cultural, defendendo que os projetos deverão ser levados avante. «A nossa capacidade legislativa foi interrompida há pouco tempo mas o nosso projeto é para avançar, porque é um tributo ao trabalho que se tem desenvolvido nas várias regiões do país», garantiu. No seu entender, teatros municipais ou Cine-Teatros podem mesmo ser verdadeiros «catalizadores de desenvolvimento local». «Há vários exemplos que têm singrado, mesmo em meios mais pequenos. Reconhecemos por isso a importância desses focos de desenvolvimento e estamos determinados em consolidá-los, criando a rede de teatros municipais», acrescentou ainda Gabriela Canavilhas. Este projeto, que seria apresentado em diploma no próximo mês, previa subsidiar vários teatros, mediante a apresentação de candidaturas.

Catarina Pinto Gabriela Canavilhas esteve presente na comemoração do 6º aniversário do TMG

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