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Recuperação do Palácio do Picadeiro pronta em 2004

Obras deverão começar no início do próximo ano, após décadas de sucessivas promessas

Em finais do próximo ano, a população de Alpedrinha poderá ver o Palácio do Picadeiro, um edifício de estilo barroco do século XVIII, totalmente recuperado. O anúncio foi feito pelo autarca fundanense Manuel Frexes na presença dos arquitectos do Gabinete de Ideias do Futuro, de Lisboa, responsáveis pelo projecto de intervenção naquele imóvel “ex-libris” da vila.

Abandonado há anos, a recuperação do Palácio do Picadeiro é para muitos um «sonho» ou até um «milagre», como revela o antigo proprietário do edifício, Joaquim Mesquita Mota, que o cedeu há mais de 30 anos à Junta de Freguesia por um «valor simbólico» em troca da promessa da sua recuperação. No entanto, após muitos anúncios e dos projectos – um de 1988, na presença de Mário Soares, e outro elaborado pelo arquitecto José Manuel Castanheira a pedido da Liga dos Amigos de Alpedrinha –, só agora a recuperação do antigo picadeiro se revela como certa, visto que a Câmara do Fundão já conseguiu «assegurar», através da candidatura ao III Quadro Comunitário de Apoio, através do Interreg, o financiamento «necessário» para a recuperação do edifício, orçada em cerca de um milhão de euros, assegurou Frexes. Localizado no Largo de D. João V, o conjunto arquitectónico, mandado edificar por Francisco Lopes Sarafana Correia da Silva no século XVIII, vai manter toda a traça e fachada original, constituindo assim uma «memória viva» do local através do brasão, dos arcos abatidos com frontões barrocos, as gárgulas, as cornijas e os muros de vedação, entre outras características.

«Vamos fazer um intervenção minimalista que preserva integralmente aquilo que era o Palácio do Picadeiro: não há anexos, não há acrescentos, não há telhados», explica Miguel Correia, arquitecto responsável pelo projecto, assegurando que «nada se construirá para além do edificado existente». Utilizando apenas madeira, vidro e ferro, os projectistas pretendem criar naquele espaço um «cenário para se poder contar várias histórias», sustenta Miguel Correia, sendo que o edifício irá conter uma zona histórico-museológica e um espaço histórico-geográfico para exposições e outros eventos, e um centro de documentação, que será ao mesmo tempo um centro de apoio ao visitante. Os três pisos do edifício irão manter-se, fazendo-se uma ligação entre eles através de escadas de madeira. O átrio de entrada irá conter uma “passerelle” em vidro no piso superior e uma grande clarabóia para aproveitar a luminosidade natural. O Palácio do Picadeiro terá ainda uma zona de jardim com um pátio a céu aberto, um terraço nas traseiras e um miradouro. Para Miguel Correia, o objectivo desta intervenção é fazer com que o palácio seja a «sala de visitas» da vila e do concelho, atraindo os visitantes para a Rota da Transumância e outros locais turísticos de interesse. Ideia que Manuel Frexes partilha, ainda para mais quando a futura sede da Junta de Turismo irá ali ficar instalada. «Esta vila é talvez a que mais equipamentos patrimoniais possui», acrescenta.

Liliana Correia

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