Ano após ano, a Reconstituição Histórica do Cerco de Almeida tem vindo a suscitar a curiosidade de muita gente e o último fim de semana não foi exceção. O presidente do município estima que durante os três dias repletos de atividades terão passado pela vila amuralhada cerca de 20 mil pessoas, superando todos os registos de afluência verificados nas nove edições anteriores.
Na manhã de domingo, como de costume, no campo de batalha houve muitos disparos de espingarda, tiros de canhões e combates corpo-a-corpo com baionetas, mas tudo acabou em bem e mesmo os soldados “mortos” rapidamente se levantaram e continuaram a combater para gáudio da assistência. Um dos visitantes que decidiu passar o fim de semana em Almeida foi o portuense Vítor Silva que não deu o tempo por mal empregue: «Vi a publicidade ao Cerco numa caixa Multibanco e decidi vir assistir. Gostei muito. Nunca tinha visto uma recriação deste tipo com tantos figurantes», realçou. Já Luís Gomes, vindo de uns dias de férias em Espanha, parou em Almeida na manhã de domingo para assistir à novidade das escaramuças pelo centro histórico, tendo considerado a iniciativa «muito interessante» feita num cenário «muito bem conservado» que «os miúdos adoraram», salientou o turista residente em Torres Novas. O presidente da Câmara de Almeida mostrou-se satisfeito com a adesão registada e indicou que na noite de sábado, quando foi recriada a batalha noturna e a explosão do Castelo com um espetáculo piromusical e efeitos cénicos, foi superado, «sem dúvida alguma o recorde de visitantes»: «Já no ano passado ultrapassámos as expetativas. Não imaginávamos ter tantos visitantes porque isto tem que atingir um nível e depois é natural que haja um decréscimo mas não, aconteceu precisamente o contrário. Tivemos largos milhares de pessoas. Calcula-se que tivemos mais quatro ou cinco mil visitantes que no ano anterior, pelo menos, a assistir à batalha noturna e ao espetáculo piromusical», frisou Batista Ribeiro.
O autarca estima que durante os três da recriação terão passado por Almeida «à volta de 20 mil visitantes», realçando que alguns marcaram presença em mais do que um dia, o que é «importante» para os «agentes económicos locais e regionais». O edil salientou que tanto a hotelaria como a restauração ficam a lucrar com a elevada afluência de pessoas, algumas das quais «tiveram que ficar» na Guarda, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo ou Sabugal». O presidente do município realçou que a recriação do Cerco de Almeida «é um evento que já ganhou uma dimensão nacional e internacional. Voltámos a ter muitos espanhóis. O evento está a ganhar uma marca que já está perfeitamente identificada e que já passou além fronteiras. Esperemos que a consigamos manter a este nível ».
Batista Ribeiro destacou que tem havido a «preocupação» de sermos «inovadores» e de introduzirmos «sempre algo diferente», de modo a que as pessoas encontrem «sempre motivos para virem ver as recriações, embora haja coisas que têm que ser repetitivas mas só o escolher cenários diferentes já é um motivo de atração». O autarca frisou também que «temos introduzido novidades, temos também bons espetáculos musicais» e que o mercado oitocentista ocupa o «espaço emblemático do Quartel das Esquadras», estando «muito bem enquadrado porque Almeida tem cenários ímpares para este tipo de recriações».
Cerca de três centenas de figurantes portugueses, espanhóis, ingleses, franceses e holandeses participaram naquela que foi a Xª Reconstituição Histórica do Cerco de Almeida, uma das poucas realizadas em Portugal. A iniciativa foi organizada pelo município, em colaboração com a Associação Napoleónica Portuguesa, e pretendeu recriar o Cerco de Almeida que ocorreu entra 15 e 28 de agosto de 1810, no início da Terceira Invasão Francesa. Uma forte explosão no paiol deixou a praça sem meios de defesa e, perante a reação adversa de alguns oficiais portugueses, Cox acabou por aceitar a capitulação.
Ricardo Cordeiro