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REACÇÕES A UM OKBI… objeto kitsch bem identificado

Guia Turística (ao microfone)

– E agora que saímos da A25, estamos a chegar à cidade da Guarda. Peço a vossa atenção para a peça escultórica em regime, de vacas magras, intitulada por uns de: “Sim, a vã glória de gastar”, por outros de: “A cabeça do pepino”, por outros de: “Quando o cristal é muito, a cristaleira vai ao charco” ou: “Guarda a descoberta: afinal os continentes têm todos a mesma forma” Os mais puristas chamam-lhe, pura e simplesmente: “Monumento ao presidente desconhecido”. São leituras: umas enviesadas, outras possíveis…

Trabalhador (pensando em silêncio)

– Sim senhor, bela coisa, ao menos esta, não tem que ser regada. Pena o plástico não enferrujar. Quando for altura, tiramos os cristais de plástico e fica uma nave espacial!

Almeida (ufano, pensando em voz alta)

– Olá cá estou eu, o Brise contínuo, o novo desodorizante…. (cantarolando para os seus botões)

– Que bem que fica esta linda escultura. Só falta mesmo a transparência do cristal.

Psicólogo (na consulta com Almeida)

– O mundo é redondo, mas Almeida, você continua a insistir que é quadrado? A própria escultura diz isso, a quem o quiser ver.

Filósofo (rodeando os alunos)

– Todos vemos o que queremos ver, a partir da posição que adoptarmos, mas as coisas não deixam de existir só porque escolhemos aquele ângulo mais cómodo.

Puta (de vida)

– Oh, gosto muito mais da escultura da Luz!

E da dos FFF’s! Só de pensar nisso…

Aquele falo gótico tira-me do sério. Sim, eu falo gótico, espero que me entendam.

Diretor de Companhia de Circo (chegada à cidade)

– Olha múlher. Nim precisamos de fazer públicidade, chegámos à capitale, tem as nossas cores e já está escrito “ A Guarda por ci(rco)” É só acrescentar três letras.

Fomos adoptados. Vamos viver aqui para sempre. Obrigadó senhor presidenté.

Emigrante (dando voltas e voltas e voltas à rotunda)

– Oh la la, regarde Claudette, abriu um marché novo. Allons y, é só seguir as étoiles.

– Já chegámos! Ah bon, mais c’est la?! S’il vous plait, queria un petit poisson… e une fromage français Le Président.

– Combien? C’est pas possible!!!

Agente da GNR (após ter parado junto a um emigrante)

– Mas porque é que parou do lado de dentro da rotunda?

– Para laisser a minha patroa, que ela não pode andar muito! Vamos ver as grutas, é ali a entrada para as grutas e para o musée du cristal d’arques, non?!

Fotógrafo (no dia da inauguração)

– Senhor Presidente chegue-se mais, mais…, para esconder a escultura.

Vidente velhinha (consultada por D. Sancho)

– O que vejo eu, realeza? Bem….

Na minha bola de cristal, daqui a oitocentos e tal anos, vejo dinheiro, muito dinheiro: quase 500 000 a cair dos bolsos dos contribuintes, em duas rotundas da sua amada Guarda e a transformar-se em neve, muita neve, cada vez mais neve, para tapar e pacificar as enormidades que se irão multiplicar pela cidade.

D. Sancho (vegetal, mas cabisbaixo)

– Razão tinha quem me remeteu para este cantinho da Catedral, que para mim é o céu. Por falar nisso, vou abesanar! Ó do Cantinho do Céu, uma ginginha em copo grande, se faz favor!

Vai-te f… oral, o que aprendestes vós meus filhos em 817 anos?!!!

Por: Fernando Costa – Guarda

Algumas possíveis reacções ficcionais de personagens ficcionadas, à escultura apelidada de Cristal da Guarda

Não escrito ao abrigo do acordo ortográfico

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