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Rádio Macau intimistas no auditório municipal

Novo álbum “Acordar” assinala viragem na história da banda

À beira de comemorar 20 anos de carreira, os Rádio Macau estão de regresso à Guarda na quarta-feira para apresentar o seu último álbum de originais “Acordar”, o sétimo do grupo. O concerto, promovido pela autarquia, está marcado para o auditório municipal e poderá surpreender muitos dos fãs, é que, para além dos velhos clássicos, a banda lisboeta oferece agora uma sonoridade mais acústica e orgânica, que contrasta com a electrónica e o ritmo urbano de “Onde o Tempo faz a Curva”, o disco antecessor. Quatro anos depois, os Rádio Macau estão de volta com um som quase sinfónico, onde brotam guitarras clássicas, pianos, percussão e até harmónicas.

“Acordar” foi produzido por Flak e contou com os contributos de Ana Deus (Três Tristes Tigres), Samuel Palitos (baterista, ex-Censurados, Sitiados, Lulu Blind) e Helke Norbakken (percussionista norueguês de currículo internacional), que se juntaram a Xana (voz e guitarra), Flak (guitarras), Alex (baixo) e Luís Filipe Valentim (teclas). O resultado final é um álbum de sensações e sentimentos. A palavra-chave de “Acordar” acaba assim por ser a serenidade, um estado de alma de entre muitas outras emoções que é enfatizado – ou apagado – consoante a intensidade da instrumentação. Um elemento muito bem conseguido neste trabalho, já que realça uma composição muito cuidada. Com muitos anos de escrita de canções, os Rádio Macau parecem ter-se superado neste álbum. “Sempre Mais” é o “single” de apresentação de “Acordar”, uma canção de doces contornos e melodias pop que abre as portas a um disco especial. Já “Acordar” é o tema mais antigo deste trabalho e o segundo “single”, apresentando-se como um elogio ao amor, sussurrado pela voz de Xana. Estas são apenas as primeiras de onze canções coloridas de ritmos e melodias ora fortes, ora delicadas.

“Acordar” também é considerado um disco de consolidação do reencontro dos elementos da banda, já que é o segundo trabalho desde que os Rádio Macau reataram o projecto em 2000, pondo fim a oito anos de silêncio durante os quais cada elemento se dedicou a projectos pessoais. O grupo surgiu em 1983, em plena expansão do rock português. Um ano depois editaram o seu primeiro álbum, homónimo, ao qual se seguiram “Spleen” (1986) e “Elevador da Glória” (1987), com o qual chegaram ao grande público. Em 1989, “O Rapaz do Trapézio Voador” confirmou o projecto, mas em 1992 “A Marca Amarela” assinalou o fim de um ciclo dos Rádio Macau. Os músicos só voltaram a encontrar-se em 1999, quando começaram a compor “Onde o Tempo Faz a Curva”, editado no ano seguinte. Sete álbuns depois, a banda apresenta-se mais madura e com uma originalidade capaz de criar momentos únicos do pop nacional. De resto, “Acordar” é mais um contributo para o estatuto de referência indiscutível da música portuguesa dos Rádio Macau. Os bilhetes custam cinco euros, sujeitos aos habituais descontos, e podem ser adquiridos ou reservados na livraria municipal, gabinete de relações públicas da Câmara da Guarda ou no próprio dia do espectáculo.

Luis Martins

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