Arquivo

«Quero deixar vincada uma marca de profissionalismo e qualidade»

Cara a Cara – Entrevista

P-Quais serão os seus objectivos enquanto treinador do Sporting da Covilhã?

R-Os meus objectivos passam também por aqueles que o clube quer e pretende. Em relação ao que poderá acontecer durante a época, pretendo identificar-me ao máximo com os jogadores e vice-versa e, pelo menos, deixar uma marca positiva. No início de uma carreira desportiva, é lógico que todo o sucesso que possamos ter é uma marca que vai ficar. Se as coisas correrem bem e tivermos um bom começo, podemos perspectivar um futuro. Quando as coisas correm mal, geralmente dizem que foi uma aposta falhada. Sei que as coisas dependem dos resultados mas, independentemente de ganhar ou perder, quero tentar deixar vincada uma imagem de profissionalismo e de qualidade.

P-Que expectativas é que tem para esta época?

R-Quando se começa algo, criamos sempre um patamar. Mas, tratando-se do Covilhã, é claro que as expectativas são sempre altas. Vamos tentar ganhar sempre todos os domingos e ter sucesso. Até por causa do historial e da carga emocional desportiva que o Covilhã tem, para além das responsabilidades que tem com a comunidade e com a cidade.

P-Acha que o clube vai subir de divisão? O que é preciso?

R-Se o clube conseguir subir de divisão é porque não faltou nada. Agora, se não subir, é porque faltou alguma coisa. Ainda é muito cedo para dizer o que é necessário. Na minha opinião, penso que é preciso estar de acordo com a política do clube. O Covilhã não tem um orçamento elevado e, além disso, tem muitas dívidas. Aliás, o apanágio do actual presidente tem sido saldar as dívidas do clube desde que assumiu a direcção. Se pudermos ter as duas coisas em comum – estar bem financeiramente e ter sucesso desportivo – melhor.

P-Mas o grande objectivo é subir à Liga de Honra?

R-Sim e o Covilhã é obrigado a isso. Não só porque desceu para a II Divisão B, mas também porque todos os nossos adversários vão ter esforços redobrados por estarem a jogar contra o Covilhã. E além disso, na II Divisão B todos os clubes lutam por subir.

P-O facto da grande maioria dos antigos jogadores terem saído do SCC poderá dificultar o seu trabalho?

R-Saíram jogadores que tinham qualidade individualmente e faziam a referência, como por exemplo o Banjai, Pimenta, Tarantini e Vladimir. É preciso colmatar isso e vamos ver se os novos jogadores que vierem para o clube podem, pelo menos, igualar essa qualidade. Todos os anos vêm e vão jogadores. É claro que há sempre aqueles que, devido à sua qualidade, deixam mais saudades e apenas temos que esperar que os novos os superem. É claro que quando trabalhamos com uma pessoa estamos identificados com ela. Sabemos como reagem, como trabalham e o que valem. Mas também nos identificamos com os novos. Há jogadores que vêm para o clube com quem já trabalhei e com quem me identifico. E há outros que, embora não os conhecendo pessoalmente, tenho boas informações sobre o seu trabalho. Por isso penso que vamos ficar bem servidos.

P-Estava à espera de ter pendurado as chuteiras tão cedo?

R-Não estava à espera, precisamente por causa da última época que fiz. Individualmente, fiz uma boa época no Covilhã. Por isso, não tinha pensado em deixar de ser jogador nem tinha como meta vir a ser treinador já este ano. A verdade é que até recebi convites para continuar a jogar, mas também me propuseram esta oportunidade. Estar a acabar a carreira daqui a um ano ou dois, provavelmente já não teria esta oportunidade nessa altura. Como não tenho medo e coragem não me falta, e sei as responsabilidades que vou ter, optei por esta solução. É de risco, mas temos que os correr na vida.

P-E como treinador, até onde pensa ir? Até à Super Liga?

R-(risos). Até ao Campeonato do Mundo, porque não? (risos). Esses objectivos vão-se ganhando a cada dia. É como jogar. Primeiro, queremos começar a treinar, depois ser convocados e, por fim, jogar. Só quando começamos a jogar é que começamos a pensar que podemos ir mais além. Enquanto treinador, é o mesmo. Quero começar a treinar e depois vejo se realmente consigo ou não. Penso que vou conseguir. Mas só os resultados e os sucessos que poderei vir a ter me darão esse alento. E, se assim for, poderei então dizer nessa altura que «afinal, tenho algumas qualidades para atingir essa meta». Primeiro quero ter esta experiência como treinador e saber até onde posso ir. Dizer neste momento que quero treinar na Super Liga seria prematuro. É claro que quero ir até à Super Liga. Mas também queria ganhar muito dinheiro e que me saísse o Euromilhões. Uma coisa é o que queremos, outra é elas acontecerem e termos qualidade e poder para isso.

Sobre o autor

Leave a Reply