Aproximar a cidade da arte. Este é o objetivo audaz que move a associação Ideias.Guarda que organizou no último sábado a primeira edição da Feira de Jovens Criadores. Dança, música, escultura e cinema foram as personagens principais que ocuparam o Jardim José de Lemos ao longo do dia. «Queremos dar valor aos projetos criativos que se fazem na Guarda e que muitas pessoas desconhecem», explicou o presidente da entidade organizadora.
Tiago Gonçalves conhece bem a região e entende que há ainda uma grande falta de autoestima. Mas sobretudo depara-se com muitos talentos e projetos escondidos, que continuam sem ver “a luz do dia”. Foi por isso que, em conjunto com os restantes membros da associação, decidiu promover esta iniciativa que tem como objetivo «revelar o que de bom acontece, aquilo que de melhor se faz por aqui». Ao longo da tarde, o palco improvisado acolheu uma sessão de dança, protagonizada pela escola guardense The Studio, um concerto de Filipe Costa e uma demonstração de danças africanas. Já à noite, além de uma apresentação na área do cinema pelo jovem guardense Hugo Moreira, o jardim recebeu também novas sonoridades com a banda jazz Les Saint Armand. A par das demonstrações artísticas, o espaço recebeu ainda 25 expositores, entre trabalhos na área da escultura, artesanato, cerâmica ou desenho. Na opinião de Tiago Gonçalves, «esta foi uma forma de promover a autoestima, já que existem na região projetos e artistas muito bons, aos quais não se está a dar o devido valor».
Luís Fonseca foi um dos artistas que aceitou mostrar a sua obra. Com um atelier de artesanato nos Trinta, o comerciante expôs diferentes criações decorativas em madeira. Debaixo de um sol tórrido, as vendas nem sempre correm bem, mas ainda assim reconheceu «a importância de divulgar o trabalho artístico da região».
A Feira de Jovens Criadores serviu ainda de pretexto para jovens guardenses regressarem à cidade. Na bagagem, trouxeram diferentes trabalhos que desenvolvem noutros pontos do país. Hugo Moreira é um deles. Um dos jovens que, por razões profissionais, se viu “obrigado” a abraçar outra cidade, neste caso o Porto. «Trabalho na área do cinema e da televisão. Este fim-de-semana está a ser surpreendente para mim. Sei que há muita gente criativa na Guarda mas que ainda tem as ideias e os projetos no bolso», frisou. Ao palco da feira, trouxe uma noite de curtas-metragens, para mostrar o trabalho que tem desenvolvido. Mas a sua ambição era ainda maior: realizar uma sessão de “pitching” onde outros jovens da Guarda pudessem levar a cabo as suas ideias. Neste regresso, confessa que, se fosse possível, «gostava de trabalhar aqui», mas não esconde que «em termos profissionais, na área do cinema, isso é praticamente impossível». A iniciativa irá repetir-se nos últimos sábados dos próximos dois meses, a 30 de julho e a 27 de agosto.
Catarina Pinto