P – É uma responsabilidade acrescida ser o primeiro presidente do Conselho Empresarial das Beiras e Serra da Estrela?
R – Sem dúvida. É um desafio e uma honra representar o Conselho Empresarial e trabalhar em prol da causa dos empresários. Para além de um desafio pessoal, assumo este cargo em espírito de missão.
P – O se propõe fazer esta mega associação empresarial?
R – Este consórcio tem como um principal objetivo criar plataformas de interesses onde os empresários falem a uma só voz. No fundo, é massificar uma ideia regional e trabalharmos todos em prol do desenvolvimento deste território. Acima de tudo, o Conselho surge para criarmos um lóbi, sermos estruturados no que pretendemos do poder político local e do poder central, como também na articulação de matérias muitas vezes diversificadas mas que contribuem todas para o desenvolvimento da região. A perspetiva da criação deste Conselho passa muito por trabalhar um território mais alargado, criando sinergias e dinâmicas no desenvolvimento no seu todo e aproveitando o que cada um tem de melhor.
P – Quais as grandes prioridades deste novo organismo?
R – A primeira grande medida é a parceria com a nova Comunidade Intermunicipal. Já estamos a trabalhá-la e a seguir queremos acabar os trabalhos de casa, que é somarmos todas as nossas iniciativas e trabalhar uma estratégia comum. Outra prioridade é participar já no desenvolvimento do que será o projeto da CIM, a sua estratégia e o seu plano estratégico, considerando que vai ter refletida a opinião e visão dos empresários. Em quarto lugar, queremos trabalhar também no sentido de criarmos condições já no próximo quadro comunitário para termos mais aproveitamento dos fundos para esta região e, ao mesmo tempo, trabalharmos a uma escala muito maior, conseguindo assim para a região e para as nossas empresas maiores apoios e, naturalmente, maior dinâmica. Vai-se também trabalhar a curto prazo em alguns workshops temáticos para falarmos com especialistas de conceitos e estratégias que queremos consolidar. Iremos também trabalhar num grande fórum empresarial, que já esteve mais ou menos alinhado mas que foi adiado por várias situações, para colocar toda a região e os empresários a darem as suas visões sobre a região e o seu futuro para conseguimos uma visão global muito mais próxima, real, dinâmica e melhor. Sem nunca esquecer algo que é importante, estamos disponíveis para construir uma estratégia com os nossos autarcas, com todas as forças vivas da região, considerando que as nossas empresas são extremamente importantes. Isto porque criamos emprego e uma dinâmica local e também queremos ser tratados com as mesmas armas que os outros naturalmente têm, quando muitas vezes estamos a falar de atração de investimento estrangeiro. Vamos reivindicar para nós e queremos, pelo menos, o que é dado aos outros. O empresário que está cá merece também ser tratado desta forma e isto é uma voz que se começa a ouvir unida, capaz, consistente e que sabe o que quer para a região. Iremos lutar sempre para o bem mais precioso para nós, que são as nossas empresas.
P – O grande fórum regional já tem uma nova data prevista? Decorrerá na Guarda?
R – Estamos a articular agendas e deve acontecer em finais de fevereiro, princípios de março. Em função da sua centralidade, a Guarda vai ser a primeira a receber esse fórum, não quer dizer que não possam ocorrer outros workshops noutros sítios de preparação para esse grande fórum.
P – Quais são os projetos ou áreas prioritárias que o Conselho Empresarial quer ver concretizadas na região nos próximos anos?
R – É no que estamos a trabalhar neste momento. Seria demagógico dizer que queria isto ou aquilo, acho que isto deve ser trabalhado primeiro com os parceiros. Temos efetivamente uma visão do que pretendemos, posso dizer áreas onde queremos que se tenha mais atenção e queremos que se processe alguma mudança como, por exemplo, a questão – talvez mais premente para nós – como são algumas acessibilidades internas. Em termos de ferrovia, é fundamental complementar o traçado entre a Guarda e a Covilhã, como também é importante resolver a questão de algumas vias de acesso e alguns parques industriais que ainda são necessários implementar. Queremos criar uma dinâmica e um marketing territorial para que esta região seja capaz de vender lá fora e pretendemos trabalhar muito melhor a gestão integrada dos parques industriais que já existem. São áreas que iremos trabalhar. Para nós, em termos de empresas, o importante é a competitividade e essa só se consegue se houver condições para isso. Temos que reduzir custos de contexto que são diminuídos numa base do que poderá ser o governo central e o que poderão ser os governos locais, neste caso, as Câmaras. Iremos bater-nos por melhores acessos, melhores infraestruturas, por um maior aproveitamento das mesmas, por maior dinâmica do que já existe e a perspetiva será sempre a de melhorar a performance das nossas empresas com a obtenção de sinergias.
P – Acha que este exemplo dado pelas associações empresariais devia ser replicado no campo político?
R – O que posso dizer é que os empresários têm vindo a conversar há dois anos, o que culminou com o acordo de consórcio. É evidente que esta assinatura podia ter sido feita em fevereiro ou março do ano passado porque demorámos menos de um ano a acertar estratégias. Mas este é o caminho e o que desejo é que, sem nos colocarmos em bicos de pés, muita gente olhe para nós e diga “parece que isto pode resultar”, o que significa que há aqui vantagens. O que fizemos poderá ser exemplo para outros. Acho que há aqui uma janela para que possamos resolver alguns problemas do passado, criar uma massa crítica e é importante fazê-lo para competirmos com outras regiões. Se fomos capazes, acho que o poder político também é capaz, desejamo-lo e vamos ser parceiros ativos para isso acontecer.