Participações incluem nomes e alcunhas de alegados elementos destes grupos juvenis violentos e os locais onde se encontram
As agressões perpetradas por gangues juvenis na noite da Guarda já deram origem a várias queixas-crime contra incertos junto das autoridades competentes, nomeadamente da Polícia Judiciária (PJ). Algumas destas participações incluem nomes e alcunhas de alegados elementos destes grupos violentos que têm provocado desacatos, furtos e vandalismo na zona histórica, onde se situa a maioria dos bares nocturnos da cidade, na Guarda-Gare e nalguns bailes populares de aldeias próximas da sede do concelho.
Ao que O INTERIOR conseguiu apurar, dois alegados suspeitos de integrar estes gangues, menores, sobre os quais recaem fortes indícios de serem os cabecilhas, terão mesmo sido presentes a tribunal há 15 dias para primeiro interrogatório, tendo sido determinada a sua detenção em casa sob vigilância electrónica a aguardar o desenrolar do processo. Por enquanto, a Judiciária escusa-se a falar do assunto e não confirma a aplicação da pulseira electrónica a estes jovens. O que é certo é que a PJ tem já na sua posse um relato factual pormenorizado de algumas situações em que pessoas foram agredidas sem motivo aparente. Um deles, a que O INTERIOR teve acesso, identifica quatro gangues – o “Movimento Estacional”, o “Grupo da Sequeira”, o “Grupo de Vila Fernando” e o “Tropas da Rua da Guarda” – e adianta nomes e alcunhas dos seus elementos. Também os locais que frequentam estão referenciados, considerando as autoridades que alguns cafés e espaços abandonados são o ponto de encontro e de partida para os crimes de rua de que são suspeitos.
De resto, a polícia já não tem dúvidas que estes grupos actuam de «forma concertada e sem qualquer justificação», sendo que as acções levadas a cabo são sempre «de grande violência». Uma das situações ocorreu no início de Setembro, como noticiou O INTERIOR (edição de 22 de Setembro), nas imediações da Praça Velha. Um grupo com mais de 20 menores atacou com grande violência quatro jovens à saída de um bar. Em consequência, três deles tiveram de ser assistidos no Hospital Sousa Martins com vários traumatismos e mesmo fracturas de pernas e braços. Fonte policial adianta que as agressões, concretizadas com barras de ferro e tacos de beisebol, só pararam com a chegada de «dois homens de raça negra, de grande envergadura». Caso contrário, o desfecho «teria sido bem pior». Dada a violência relatada pelas vítimas e algumas testemunhas, os suspeitos estão indiciados pelos crimes de homicídio qualificado na forma tentada e por associação criminosa.
Segundo O INTERIOR confirmou, as vítimas dizem viver agora com o receio de represálias e que «só a custo saem à rua sozinhos», pelo que esperam que a polícia ponha fim àquilo que classificam de «pesadelo». Há três semanas, agentes da PSP e investigadores da Judiciária efectuaram várias rusgas em cafés e bares da cidade, no âmbito das quais foram detidos e identificados cerca de meia centena de menores, que foram posteriormente libertados. O surgimento de gangues violentos na Guarda foi abordado na última Assembleia Municipal, quando o deputado social-democrata Luís Aragão questionou a Câmara sobre a instalação do sistema de videovigilância no centro histórico. O presidente Joaquim Valente respondeu que os respectivos concursos deverão ser lançados brevemente e revelou estar a acompanhar o caso, tendo reunido com os responsáveis da polícia.