Que seca vai neste país…
Nem mesmo com tantos a “meter água” se resolve o problema. Até final de 2003, Portugal deveria ter transposto a Directiva-Quadro da Água e não o fez, ficou tudo em “águas de bacalhau”.
As albufeiras estão vazias, como vazia tem estado a Política da Água, sem qualquer tipo de acção ou estratégia. Esperemos por mudanças…
Sim, mudanças. Esperemos que o anticiclone se deslocalize e comece a chover, ou que S. Pedro ouça as preces dessa espécie em vias de extinção, os agricultores, ou que o novo ministro do Ambiente, indiscutivelmente um bom técnico, investigador na área dos recursos hídricos, tenha força política e não meta água. Mas mais importante é que mudem de uma vez por todas as mentalidades dos que pensam que só os santos e afins podem solucionar a seca reinante. Todos temos um papel na redução desta seca. Desde o ajuste do autoclismo para o volume de descarga mínimo; ao fecho da água, no duche, para o ensaboamento; passando pela utilização da água de cozer vegetais para confeccionar sopas, são inúmeras as componentes que podemos adoptar para poupar água.
Importante mesmo é que tenhamos consciência que os recursos hídricos não são ilimitados, devendo em situações de escasseza a sua gestão ser ainda mais cuidada. Para além disso, trata-se de um interesse económico ao nível dos cidadão, na medida em que permite uma redução dos encargos com a utilização da água sem prejuízo da sua qualidade. E porque os recursos hídricos não são ilimitados é necessário que este tipo de comportamentos se torne uma constante da nossa vida.
Não podemos permitir que as próximas chuvas apaguem aquilo que constitui o uso eficiente da água. A contribuição de cada um, complementada com as medidas das entidades responsáveis, ao nível do desenvolvimento de campanhas de sensibilização para a poupança de água, da protecção das fontes de abastecimento contra a poluição, da uniformização dos preços, farão de novo da água fonte de vida.
* Responsável pelo núcleo da Quercus da Cova da Beira
Por: Telma Madaleno