O cabeça-de-lista do PSD às europeias sugeriu, no passado domingo, a criação de um estatuto especial para o interior do país, «que se encontra em situação de discriminação negativa, um termo que é simpático para o estado de abandono que aqui se vive», reconheceu Paulo Rangel. O candidato, que esteve em Seia e Gouveia, disse na Guarda que esta poderia ser uma «boa dica» para os eurodeputados portugueses encontrarem, junto da Comissão e do Conselho Europeu, «soluções para o interior».
Na sessão promovida num hotel da cidade, Paulo Rangel escolheu o actual Governo como alvo. «Tem gerido mal vários dossiers e não tem aplicado bem os fundos comunitários», disse, apontando como exemplo «mais flagrante» a agricultura. «Portugal tem vindo a devolver à União Europeia milhões e milhões de euros de fundos. Por outro lado, a entidade que faz os pagamentos dos fundos comunitários aos agricultores nem sequer está certificada. O que, passados dois anos e meio, só demonstra a incompetência e a burocracia com que são tratados estes assuntos», afirmou. Para o candidato, não há dúvidas que a agricultura é «a área com pior desempenho neste Governo». Mas há mais, como «a taxa de 4 por cento de execução dos programas comunitários, quando já devíamos estar nos 20 ou 25 por cento».
Pelos seus cálculos, Paulo Rangel estima que, nesta altura, já deveriam ter sido pagos «4.500 ou 5.000 milhões de euros», mas, na prática, ficou-se pelos 820 milhões. «Que país é este que se dá ao luxo de ter fundos comunitários disponíveis para investir, que podem ser usados no combate à crise, e que não os aproveita», interrogou. Quanto a propostas, o social-democrata defende a criação da rede autarquias Europa, «para que cada eurodeputado do PSD tenha à sua responsabilidade um conjunto de municípios a que seja obrigado prestar contas». Mas também o alargamento do Programa Erasmus ao primeiro emprego, uma vez que o desemprego juvenil «é o mais preocupante na Europa». Aos jornalistas, Paulo Rangel comentou ainda a sondagem do “Expresso” que dava um empate técnico entre PS e PSD nas europeias de 7 de Junho, mas sobretudo a reacção de Vital Moreira.
«Os dados são animadores», admitiu, considerando que o candidato socialista «quer ganhar mesmo quando perde» e, por isso, nega que haja «um empate técnico, apesar disso ser manifesto». Para o cabeça-de-lista social-democrata, esta resposta virá da «sua [Vital Moreira] experiência marxista-leninista anterior, em que o PCP mesmo quando perdia dizia que ganhava».
Luis Martins