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Que implicações éticas se podem retirar da emergência da crise ambiental?

A crise ambiental veio alterar o meio em que habitamos, obrigando-nos a uma reflexão acerca da relação que existe entre o homem e o ambiente.

A ética relaciona-se com direitos e deveres, o homem e o ambiente têm direitos. Este tem direitos porque o homem tem deveres para com ele, tem o dever de o perseverar, de o conservar e não tem o direito de diminuir a biodiversidade. O direito Humano fundamental é o direito à vida.

(…) O homem, devido à sua maneira individualista de agir e pensar associada a um défice de conhecimentos, por falta de informação e esclarecimento, provocou alterações significativas nos ecossistemas que interferiram na qualidade do ambiente e na qualidade de viver, isto ilustra “o desequilíbrio entre o poder e o saber”.

O ambiente necessita de líderes e urge que cada um de nós desenvolva a liderança tanto para a perseveração e conservação do mesmo, como para um melhor desempenho, isto é, sermos agentes de mudança de atitudes e comportamentos ambientais junto da comunidade.

Há uma necessidade premente de delinear estratégias racionais com objectivos bem definidos de modo a criar condições de consciencialização e responsabilização de atitudes e decisões na população em geral, em conjunto com os órgãos do Estado. Verifica-se ausência de uma participação activa e directa dos cidadãos no processo de tomada de decisões nos sistemas políticos. Por outro lado, toda a informação ambiental existente é insuficiente no sentido de que alerta para a conservação do meio ambiente mas, não refere como fazê-lo. Existe falta de comunicação e cooperação interactiva e mesmo incentivo. Se fossem utilizadas medidas coercivas, provavelmente não existiria crise ambiental, a população estaria mais atenta e esta era evitada.

(…) Tem de se agir e já, começando nas nossas casas, pela educação e sensibilização aos nossos filhos a fim de interiorizarem atitudes e comportamentos saudáveis benéficos ao ambiente, melhorando a qualidade de vida. Toda esta educação e sensibilização deve ser continuada nas escolas e alargada às autarquias, Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais e outras associações, de modo que se faça uma auto-reflexão e se desenvolva a capacidade de saber/fazer, de comunicar, de agir em conjunto (solidariedade, cooperatividade e justiça), de responsabilização partilhada, de estabelecer empatia com o ambiente.

Não devemos ter só relações éticas com os seres racionais, mas também com o ambiente.

Maria do Rosário Martins, Guarda, carta recebida por e-mail

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