Depois de, no mês passado, a Federação de Caça e Pesca da Beira Interior (FCPBI) ter denunciado a morte por afogamento de um casal de corços adultos, a situação voltou a repetir-se nas últimas semanas. Um outro animal voltou a perder a vida logo no primeiro dia deste ano e no último domingo mais uma fêmea caiu na armadilha do canal do Regadio da Cova da Beira, na zona entre o Sabugal e Caria.
Ao que parece, os animais são facilmente atraídos até ao local com o intuito de beberem água, mas depois de caírem no canal, é-lhes impossível subir devido à inclinação das paredes de cimento.
A FCPBI classifica a situação de «verdadeiro atentado à vida dos animais selvagens» que vivem nas imediações, sobretudo javalis e corços. E apela à colocação «de uma rede de protecção para pessoas e animais», uma medida que, segundo João Carlos Lourenço, presidente da FCPBI, «já deveria ter sido equacionada durante a realização do estudo de impacto ambiental no local». O dirigente garante que esta «falta de segurança constitui um perigo para todos», lembrando que por ali passeiem famílias e crianças. Os corços, espécie de caça extinta em Portugal, foram reintroduzidos na zona da Beira Interior há seis anos em pelo menos seis locais diferentes. Pinhel, Sabugal, Gardunha, Idanha-a-Nova, Covilhã e Fundão receberam um total de 120 animais «num esforço conjunto entre a Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI), a FCBI e o Instituto de Apoio à Vida da Universidade de Coimbra», recorda. No entanto, devido à morte destes espécimes, foi já adiada uma batida prevista para o último domingo de Fevereiro. José Carlos Lourenço aguarda por uma «solução definitiva» para resolver o problema e até lá diz temer pela segurança «de pessoas e animais». Ontem, na Guarda, membros do Clube de Caça e Pesca de Valverdinho, do Núcleo Florestal da Beira Interior Norte e do IDRHA procuraram encontrar soluções para o problema.