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Qualidade em saúde

Num passado recente e através de uma conversa com pessoas conhecidas, fiquei a saber que, segundo a opinião de um dos interlocutores, era conveniente ter conhecimentos dentro dos Hospitais e Centros de Saúde para se ser melhor atendido.

Esta afirmação está no subconsciente de muitos de nós e deve merecer-nos reflexão:

1. Que se saiba “conhecimento” não é critério técnico, tão pouco determinante, para adequar o tratamento a quem dele necessita;

2. Dado que nem todos temos acesso ao tal “conhecimento”, seria uma terrível injustiça se só os seus possuidores fossem bem tratados;

3. Se a qualidade das prestações de saúde divergirem entre os que são conhecidos e os que não são, provavelmente nem a uns nem a outros será prestado o serviço mais adequado;

4. Finalmente, mesmo falando só em questões de simpatia, tenho dificuldade em compreender e aceitar que exista uma postura diferente.

Defendo que cada cidadão deve ser tratado com os meios e cuidados adequados à sua situação e que a conduta e atitude dos Profissionais do sector devem ser sempre curiais, agradáveis e correctas.

Embora haja a convicção que uma grande parte dos profissionais de saúde se esforçam por oferecer aos utentes o melhor, sabe-se que não havendo processos organizativos de pautar a qualidade das prestações acabarão por ser heterogéneas.

Em ultima análise, estas questões levam-nos para assuntos relacionados com o suporte da qualidade e, o que me parece importante, é que as organizações prestadoras de cuidados de saúde tenham as suas actividades orientadas no sentido de alcançar os mais elevados padrões de qualidade.

Que façam um esforço de harmonização dos cuidados e persigam a sua melhoria continuada, devendo a monitorização dos indicadores de qualidade ser pública. Os países que optaram por esta prática têm obtido mais rapidamente melhores resultados.

Qualidade, nestas questões, não significa luxo mas, tão só, criar condições para optimizar os resultados e, dentro do que é possível oferecer, fazê-lo com o menor risco prevenindo complicações.

É para responder a todas estas questões que é importante um processo de Acreditação em qualidade numa organização de saúde e foi por isso que o Centro Hospitalar Cova da Beira aproveitou, numa fase precoce, o projecto nacional de Acreditação de Hospitais. Pertence ao primeiro terço dos hospitais SA cujo processo, está numa fase final de implementação.

Parece-me que, desta forma, um dia poderemos garantir a existência de cuidados de saúde mais homogéneos, aumentando, deste modo, a probabilidade de um atendimento adequado, mesmo que sejamos completamente desconhecidos…

Por: Miguel Castelo Branco

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