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PSD «tem quatro candidatos a candidatos» à Câmara da Guarda

Júlio Sarmento, Manuel Rodrigues, João Correia e João Prata são os nomes lançados pelo líder da concelhia socialista

Júlio Sarmento «deu claramente um pontapé de saída para uma eventual candidatura» à Câmara da Guarda numa entrevista concedida a O INTERIOR no início do mês de agosto. A afirmação pertence a Nuno Almeida, presidente da concelhia da Guarda do PS, que, em conferência de imprensa, defendeu que o PSD tem «neste momento» mais três «candidatos a candidatos» à autarquia da capital de distrito, sendo eles Manuel Rodrigues, João Correia e João Prata.

Se Júlio Sarmento, presidente da Câmara de Trancoso, «dá o pontapé de saída nesta entrevista» no entender do líder concelhio socialista, Manuel Rodrigues, presidente da concelhia do PSD, fez o mesmo no dia das eleições legislativas quando, aos microfones de uma rádio local, «quis extrapolar e começou a falar dos resultados das legislativas para tirar conclusões a nível concelhio». Quanto a João Correia «lançou a candidatura na última Assembleia Municipal [onde é líder da bancada social-democrata] pelo discurso que fez», enquanto que João Prata, presidente da Junta de Freguesia de São Miguel, «é um eterno candidato a candidato. Sabemos que tem essa pretensão que é legítima». Nuno Almeida sustenta que «pelo menos estas quatro figuras são candidatos a candidatos dentro do PSD. Isto é um posicionamento e algo que eles têm que resolver internamente», salienta. O autarca de Trancoso foi o “alvo” das críticas do líder do PS na Guarda que defende que «o tom e o ataque que é feito à Guarda é despropositado, acima de tudo, porque são declarações feitas na qualidade de presidente de Câmara». O dirigente afirma que «a classe política, de uma vez por todas, tem de aprender a respeitar os mandatos que lhe são conferidos pelos eleitores e não é dignificante, nem para a classe política nem para as instituições que são representadas por essas pessoas, quando há uma mistura clara do que é a vida partidária e do que deveria ser supra-partidário». Prosseguindo num tom crítico, diz que «esta promiscuidade põe em causa alguma cooperação que deve sempre haver em nome do desenvolvimento regional e local entre as Câmaras Municipais vizinhas e deveria por isso haver alguma contenção quando são feitas algumas perguntas com tom crítico sobre o que está a ser feito na Guarda».

Nuno Almeida “pegou” em «algumas referências que são feitas no que toca a querer imputar à Câmara da Guarda responsabilidades pela perda de população no concelho» de acordo com os dados dos Censos, considerando que «atacar o concelho onde a perda de população é menor parece-nos que só é enquadrável dentro de uma estratégia claramente de posicionamento enquanto candidato a candidato à Câmara da Guarda». Do mesmo modo, «afirmar-se que a Guarda deveria ter o dobro da população é não ter noção do que é a realidade do interior do país», acusa. Reforça que há «momentos próprios na democracia em que é permitido apresentar alternativas como as campanhas eleitorais. O que não é admissível é que uma disputa interna partidária, uma tentativa de afirmação enquanto candidato a candidato, faça com que o um edil de um concelho ataque com falta de elegância um outro edil com o qual têm que se definir estratégias, mais que não seja no âmbito da Comurbeiras», reforça. «Foi um mau momento do presidente da Câmara de Trancoso. Tendo em conta que estava a falar enquanto presidente de Câmara não deveria ter ido por ali. Toda a gente percebeu o intuito das suas declarações. Enquanto candidato do PSD à Câmara da Guarda tem a legitimidade de criticar, de falar mal aquilo que entender, o que nós criticamos é que falou enquanto presidente de Câmara», frisa.

Contactado por O INTERIOR, Júlio Sarmento “não abriu nem fechou a porta” a uma eventual candidatura à Câmara da Guarda, salientando antes que «todos no distrito devem estar muito preocupados com a região e com a capacidade da Guarda em puxar pelo distrito, o que não está a acontecer», sustentando que «há falta de liderança». «O PSD não está preocupado com protagonismos e na altura certa encontrará o melhor dos candidatos», realça, sendo que o «desafio é encontrar alguém que tenha capacidade de liderança para atrair investimento público e privado». No mesmo sentido, «a situação é tão grave que as pessoas devem é saber escolher a pessoa com o melhor perfil, independentemente do partido a que pertença», reforça. De resto, o autarca de Trancoso deixa um “recado” aos socialistas: «Sugeria que o PS estivesse mais preocupado em tentar resolver os problemas da perda de população e falta de investimento na Guarda e menos preocupado com a solução liderante que o PSD vai apresentar e esperemos que seja suficientemente acolhedora», argumenta.

Valor da dívida da Câmara da Guarda é «perfeitamente comportável»

Nuno Almeida teceu ainda críticas às afirmações feitas pelo presidente da concelhia do PSD na semana passada em que Manuel Rodrigues critica o facto do município da Guarda ter recorrido a uma entidade externa para elaborar um plano de saneamento financeiro.

O líder concelhio do PS salienta que «nos primeiros oito meses deste ano a dívida da Câmara da Guarda foi reduzida de 61 para 53 milhões de euros», o que representa uma redução «na casa dos 13 por cento». «Achámos estranho algumas afirmações do dr. Manuel Rodrigues porque nunca vimos o PSD, seja pela voz do seu líder concelhio, seja pelos vereadores, seja pela Assembleia Municipal, fazer esta previsão de que a dívida da Câmara da Guarda iria ser reduzida em oito milhões em oito meses». A propósito da concelhia do PSD ter disponibilizado os préstimos do seu Gabinete de Economia e Finanças para a elaboração do plano de reestruturação financeira, Nuno Almeida ironiza que «se essa estrutura é tão competente e tem tantas qualidades técnicas porque é que até hoje não deu apoio aos vereadores do PSD para que pudessem apresentar nas reuniões de Câmara soluções porque o que temos assistido até hoje tem sido a crítica das soluções apresentadas». O dirigente considera que «o problema da dívida da Câmara da Guarda é um problema da altura em que a dívida está a cair para ser paga» porque a autarquia «tem tido em simultâneo muitas parcelas a terem de ser pagas ao mesmo tempo»: «Essa é que tem sido a grande dificuldade da Câmara a nível de tesouraria. A dívida em si é um volume perfeitamente enquadrável com a dimensão do município», reforça.

Nuno Almeida reconhece que «não está tudo bem» mas sustenta que, para a concelhia do PS, o valor da dívida da autarquia «é perfeitamente comportável e está em linha com um município com as obrigações e a dimensão que a Guarda tem», rejeitando «completamente a ideia de que a Câmara esteja em rutura financeira» e defendendo que a situação «poderá ser resolvida com a reestruturação da dívida». De resto, frisa que «não é uma novidade que em situações como esta as instituições públicas se socorram de técnicos de empresas privadas para fazer estudos como este», sustentando que os valores em causa estão «perfeitamente alinhados com o que são este tipo de trabalhos de consultoria». Por outro lado, adianta não ter dados para dizer se a Câmara da Guarda «optou por esta situação por não ter competências técnicas nos seus quadros para realizar este estudo ou se os quadros que tem com competências nesta área não têm neste momento disponibilidade face ao volume de trabalho que têm para realizar».

Ricardo Cordeiro Nuno Almeida considera que «não é admissível» que «o edil de um concelho ataque com falta de elegância outro edil com o qual têm que se definir estratégias»

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