Nas últimas eleições legislativas, o domínio socialista por terras da Guarda anunciava-se como sendo de pouca dura. O distrito voltou a entregar-se nos braços da direita, depois de ter dado o benefício da dúvida ao PS, durante seis anos. As eleições garantiram ao PSD um dos melhores resultados de sempre, na senda das ondas vitoriosas da AD e do período do cavaquismo, conseguindo mesmo vencer na Guarda, Gouveia e Seia, bastiões socialistas que se entregaram pela primeira vez aos social-democratas. Na vaga laranja só Manteigas escolheu o partido socialista. Com a bipolarização cada vez mais acentuada no distrito e no país, o CDS-PP foi a única força política a salvar-se naquela que foi uma noite de pesadelo para a CDU, transformada no maior dos pequenos partidos que foram a votos no distrito. Os populares pareciam ter fidelizado o seu eleitorado, espevitado porventura pela possibilidade de se transformar no “braço direito” de Portugal e de um Durão Barroso carente de apoio parlamentar. O mediatismo de Paulo Portas também ajudou a acordar os corações adormecidos do CDS num distrito que já foi seu. A CDU foi, pela negativa, a outra protagonista. Com um discurso cada vez mais esclerosado nos ditames do marxismo-leninismo e da luta de classes, os comunistas não convenceram os guardenses e nem lhes valeu o trabalho dos seus deputados. Restaram uns poucos para fazer número e evitar que o mais velho partido português desaparecesse dos quadros de resultados distritais. Também na segunda-divisão e a aproximar-se do PCP estava o Bloco de Esquerda, uma força ainda embrionária que vinha amealhando paulatinamente os seus votos. Faltava-lhe contudo um líder para dar um salto maior na Guarda. MRPP e MPT remanesciam num distrito já pouco dado a revivalismos e enxertias duvidosas.
