O Partido Socialista obteve domingo o melhor resultado eleitoral de sempre no distrito da Guarda. Com mais de 46 por cento dos votos, o PS foi arrasador em nove concelhos, perdendo apenas em Aguiar da Beira, Fornos de Algodres, Pinhel e Trancoso, e recuperou mais de 12.300 votos em relação às legislativas de 2002. «É uma vitória histórica», proclamou alto e bom som o presidente da Federação e número dois da lista, Fernando Cabral. Mas a história não se fica por aqui, já que estas eleições resultaram ainda na maior diferença percentual de sempre em relação ao PSD no distrito, 46,7 contra 34,6. Números que, juntamente com a maioria absoluta de José Sócrates, foram efusivamente comemorados na sede socialista na Rua Francisco dos Prazeres.
Quase três anos depois inverteram-se as posições entre os dois principais partidos. O PS deixou o PSD a milhas, mas não alcançou o fosso de 14 por cento conseguido em 2002 pelos sociais-democratas, ficando-se por uma diferença de cerca de 12 por cento. Já a transferência substancial de votos deu-se agora a favor dos socialistas, que conquistaram 12.379 votos enquanto o adversário perdeu mais de 13.500. «Foi a maior votação que o PS algum dia conseguiu no distrito», sublinhou Fernando Cabral – Pina Moura estava em Lisboa -, considerando que a votação de domingo é um «castigo claro» do Governo PSD/PP, que «não quis saber do distrito da Guarda ao longo destes três últimos anos». Mas também da forma «pouco digna de fazer política» da líder da distrital social-democrata guardense, Ana Manso. De resto, o deputado reeleito acredita que o «mérito das nossas propostas e projectos» fizeram o resto: «Obtivemos os melhores resultados de sempre em todos os concelhos e isso dá-nos boas esperanças para os combates que aí vêm», sentenciou Fernando Cabral, que já disse que não vai permitir que o distrito da Guarda seja discriminado em relação a outras regiões do país. «Quando tiver que haver sacrifícios, terá que ser para todos, o mesmo quando houver benesses», avisou.
O mesmo espera Maria do Carmo Borges, mandatária distrital, reclamando a mesma «visão global» do país do primeiro Governo de António Guterres. «É necessário dar ao interior condições para se criarem postos de trabalho, pois só assim haverá um desenvolvimento integrado de Portugal», adiantou a autarca, que aguarda que o novo Executivo de Sócrates faça ao concelho «a justiça que não houve nestes últimos três anos». Maria do Carmo não esquece que houve na Guarda «quem pôs o interesse partidário acima de tudo e praticou uma estratégia de quanto pior melhor, boicotando tudo o que era obras para este concelho», destacando o caso da Escola Profissional. Uma «história» que se há-de fazer um dia, garante, mostrando-se confiante de que o «período negro» da Guarda chegou ao fim. Quanto a prioridades, a mandatária socialista quer ver as portagens «definitivamente» afastadas da A23 e A25 e considera «essencial» a criação de um conjunto de medidas para cativar empresários para o interior. No que ao concelho diz respeito, a presidente, que não quis falar de autárquicas, coloca o Polis, o Centro de Estágios, o hospital e a Plataforma Logística como áreas prioritárias de intervenção do próximo Governo socialista. «São projectos essenciais e pelos quais nos vamos bater. Claro que sabemos que o país não está bem e que não podemos ambicionar ter tudo feito de um dia para outro, mas temos a certeza que vamos encontrar do outro lado gente que, pelo menos, nos abrirá as portas para encontrarmos as melhores soluções para os nossos projectos», disse.
Luis Martins