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Propostas para mitigar o problema dos incêndios*

O triste assunto que nos (me) assusta, “prende-nos” aos órgãos de comunicação, na ânsia de melhores notícias, são os incêndios. Um enorme problema, dos pontos de vista, humano, ambiental, financeiro e económico. Sobre o qual temos descoberto, fruto da maior atenção por parte dos media, que temos imensos especialistas a diagnosticar as causas, a promover comissões de avaliação e inquérito, emitindo pareceres que de ano para ano, são sempre mais onerosos, no que diz respeito a perdas humanas e materiais, cujo sucesso da intervenção destes especialistas é sempre medida, em produção de verbo e nada de ação.

Claro que a responsabilidade fica sempre endossada aos proprietários que não limpam (o maior é o próprio Estado, nas suas diferentes formas de representação e os particulares este ano fizeram a sua parte na maior parte dos casos), na falta de ordenamento do território (uma vez mais o Estado, a quem cabe legislar), no combate deficiente ao flagelo (uma vez mais o Estado, através das forças de proteção civil), com a devida ressalva dos bombeiros e operacionais que são meros peões desta catástrofe, tanta vezes injustiçados, quando ouvimos as vitimas dizer que não viram um bombeiro por perto quando estavam mais aflitas (como se pudesse haver um soldado da paz, por cada potencial sinistrado, mas, entendendo ao mesmo tempo o desespero de uns por falta e de outros por não poder chegar a todo o lado), à politica do eucalipto (fomentada pelo Estado),…

Enfim, o denominador comum parece ser mesmo o Estado, então que fazer com esta variável da equação, ou do problema? Assacar-lhe responsabilidades e consequências? Exigir a demissão deste ou daquele agente? Vamos fazer sempre isto? Chega!

Não tenho soluções, mas tenho propostas para discutir problemas e, como diria o filósofo Sócrates, é da discussão que pode nascer a solução, em vez de derivar para teorias da conspiração, que são sempre mais populares e permitem um maior devaneio, gaudio e na maior parte das vezes redundam num enorme NADA. Opto por outros caminhos, que me parecem ser de maior e mais proveitosa valia. Relembro que nas últimas eleições autárquicas, aquando da candidatura do PSD, que tive a honra de encabeçar à União de Freguesias da Covilhã e Canhoso, propusemos a reativação das casas dos denominados “guardas florestais” para apoio a circuitos de natureza, enquadradas numa política de desenvolvimento económico da região (medida autossustentável) que pudesse promover uma vigia ativa da nossa floresta e uma maior consciencialização dos cidadãos, para o contributo que devem aportar a esta causa, podendo esta medida ser replicada por todo o país e num verdadeiro espirito de “win-win”, resolvendo a falta de vigia, permitindo a fruição de património edificado e abandonado, promovendo uma das fontes de receita mais proveitosa para o nosso pais, o turismo! Podendo alavancar este procedimento a sua replicação generalizada pelo pais, aproveitando também a nossa semelhança com a Serra da Gata em Espanha, para replicar também esta solução e assim, ambicionar tornar este num projeto transfronteiriço, capaz de se candidatar a fundos oriundos da União Europeia.

(…) Ou será que nada vamos fazer, ficando presos no éter? Já esquecemos o que nos aconteceu no ano transato? Será que uma vez mais e com o drama de Monchique, não vamos despertar as consciências e em vez que combater o denominador comum destas circunstâncias (o Estado), vamos e em democracia, aportar soluções e dizer presentes na materialização dessas? Dando testemunho de cidadania ativa que suporto nas palavras de John F. Kennedy “em vez de perguntares o que o Estado pode fazer por ti, dize ao Estado o que podes fazer por ele?” Fica o desafio e o contributo, porque já agora, vale a pena pensar nisto.

* Título da responsabilidade da redação

Jorge Saraiva, gestor e membro da Assembleia de Freguesia da Covilhã e Canhoso

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