Após a rejeição dos credores da aquisição da Nova Penteação por 3 milhões de euros mediante trespasse, Paulo de Oliveira acusou segunda-feira, através de um comunicado à imprensa, a Segurança Social e o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI) de estarem a «impedir» a viabilização da empresa de lanifícios porque «não querem perder o mesmo que os outros credores».
Segundo o empresário, bastava a aprovação destas duas entidades para que a proposta conseguisse reunir os dois terços de votação necessários para ter vencimento. Apesar de ter sido chumbada por 45 por cento dos credores, Paulo de Oliveira salienta a importância da proposta ter reunido 42 por cento de votos favoráveis, se bem que a maioria dos credores, onde estão incluídos os bancos BPI (18,7 milhões de euros), BCP (9,6 milhões de euros), BES (6,7 milhões de euros) e Fortis (2 milhões de euros), tenham apresentado voto favorável condicionado à aprovação da Segurança Social. Daí que se esta entidade tivesse votado favoravelmente, em conjunto com o IAPMEI e o Banco Totta, a proposta tinha sido aprovada com 68 por cento dos votos.
No entanto, o empresário de lanifícios está confiante que se reformular ou voltar a apresentar a proposta, esta poderá já ter outro sentido de voto. É que agora a única entidade «que está a criar impedimento à votação da proposta é o IAPMEI», acusa Paulo de Oliveira, garantindo que a Segurança Social e o Banco Totta irão votar «a favor da nossa proposta se o IAPMEI os acompanhar», como explicou à saída da última assembleia de credores, realizada na passada segunda-feira. «A Segurança Social está disposta a reconsiderar a sua posição, porque, efectivamente, não fizeram bem as contas», acrescenta o empresário, sublinhando que, se a Nova Penteação for para a falência, a Segurança Social terá «um prejuízo muito maior do que se cooperar» na viabilização da empresa. É que, além de perder a garantia hipotecária de 1,9 milhões de euros, a Segurança Social poderá ter que pagar, através do fundo de garantia salarial, uma «compensação de indemnizações e três anos de fundo de desemprego» aos 460 trabalhadores da empresa.
Na opinião do empresário, alguns dos credores votaram contra a sua proposta por «não perceberem do negócio». Paulo de Oliveira admite que recuperar a Nova Penteação «não é nada fácil», dado ser uma empresa «tecnologicamente apetrechada para a produção de grandes séries» e que «neste momento» não tem encomendas nem mercado. Daí garantir que vai ter «mais encargos» do que a simples aquisição da empresa mediante trespasse por 3 milhões de euros, sendo mesmo necessário investir 22,5 milhões de euros (repartidos em três parcelas de 7,5 milhões de euros) para investimentos e custos sociais, fundo de maneio e perdas nos dois primeiros anos, explica. Isto sem contar com os encargos que «seguramente vamos ter com os trabalhadores» caso venha a adquirir a empresa, adianta Paulo de Oliveira, estimando disponibilizar verbas «avultadas» para compensar os trabalhadores que poderá dispensar. «Só utopicamente é possível arrancar de imediato, com quase 500 trabalhadores, sem haver encomendas», avisa.