Desenvolvido por três alunos e um professor de Design de Equipamento do Instituto Politécnico da Guarda, o projeto “QRWINE” foi um dos seis finalistas do 2º Concurso Universitário promovido pela CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal. Subordinado ao tema “Inovação no Setor da Vinha e do Vinho”, os prémios foram entregues em outubro do ano passado e há boas perspetivas para que o trabalho elaborado na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) comece a ser comercializado.
Porque “o segredo é a alma do negócio”, André Marques, Carlos Félix, ambos de 23 anos, Vítor Hugo Pereira, de 26, e o professor Raul Pinto preferem não abrir muito “o jogo” sobre o projeto. Optam por revelar apenas que o “QRWINE” vai surpreender quem abrir uma garrafa de vinho com o surgimento de um QR Code que até então estava oculto no rótulo com papel absorvente. Depois, quem tiver curiosidade para ver o que esconde aquele código de barras bidimensional – que pode ser facilmente digitalizado caso tenha um smartphone equipado com câmara, ligação à Internet e a aplicação necessária para o ler – será “transportado” para um site onde encontrará informação relacionada com o “mundo” dos vinhos. Carlos Félix diz tratar-se de um produto «completamente inovador no setor dos vinhos que vai de encontro ao mercado atual e pode ajudar a promover a exportação dos vinhos portugueses no mercado estrangeiro». O ex-aluno do IPG, que morou na Guarda desde os 12 anos e atualmente é estudante de mestrado em Lisboa, considera que o “QRWINE” «traz interação, causa surpresa e está virado para as novas tecnologias»: «Depois de utilizado, o produto leva-nos para uma plataforma online também desenvolvida por nós que ajuda a divulgar o nome do vinho, das castas e de como o vinho deve ser servido, por exemplo», explica Carlos Félix.
As expetativas para a possível comercialização do produto são «boas», sendo que «já estamos a ser contactados por uma empresa que está interessada em utilizar o nosso produto». Vítor Hugo Pereira também está esperançado na comercialização do projeto desenvolvido na ESTG, até porque a CAP terá deixado a “porta aberta” para que os finalistas do concurso «tivessem a oportunidade de verem os seus projetos serem lançados e comercializados». O aluno de Felgueiras, que também está a frequentar um mestrado mas no Porto, indica que pretenderam «fazer uma aliança entre a tradição e a tecnologia», onde o QR Code surge como «um fator de diferenciação» e a plataforma online fará com que seja possível às pessoas «partilharem emoções e conhecimentos». O estudante sustenta que o produto «tem potencial, pode surgir no mercado e ter alguma força» a preços «relativamente baixos». Por seu turno, o docente Raul Pinto, orientador do projeto, foi ainda mais parco nos comentários, sublinhando que a «mais-valia» do “QRWINE” é «conseguir com muito baixo custo atrair novos públicos porque está pensado para as novas tecnologias».
Ao todo, inscreveram-se 125 grupos no 2º Concurso Universitário CAP com trabalhos de áreas académicas diversas, num total de 388 alunos. Um grupo do Instituto Politécnico de Viseu venceu o prémio de nove mil euros com um trabalho sobre “iogurtes enriquecidos com antioxidantes extraídos a partir dos compostos fenólicos do vinho”. O júri do concurso foi composto por João Machado, presidente da CAP, Luís Pato, enólogo e produtor, Frederico Falcão, presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Jorge Monteiro, presidente da Viniportugal, e por Telmo Vieira, Partner da Premivalor Consulting, promotora da iniciativa. Entre os projetos finalistas ficou também a “criação de design de garrafas (embalagens) – Moscatel de Setúbal, desenvolvido na Universidade da Beira Interior pelos alunos Luciana Alegre, Nuno Correia, Joana Antunes, Inês Farinha e Laura Pereira, coordenados pelo professor Ernesto Vilar. Entre os projetos semifinalistas ficou outra equipa do IPG, formada pelos alunos Alexandre Piedade, Rita Pimenta e Ana Saraiva, também coordenados por Raul Pinto.
Ricardo Cordeiro