Arquivo

Projecto inicial mantém-se na Praça Velha

Alguns dos vestígios arqueológicos encontrados vão ficar enterrados, enquanto outros vão ser musealizados

Apesar da descoberta de várias ossadas humanas no decurso das obras de requalificação da Praça Velha, na Guarda, o projecto inicial, da autoria do arquitecto Camilo Cortesão, não vai sofrer alterações. O presidente do Instituto Português de Arqueologia (IPA) esteve na Guarda no final da semana passada e concordou que a solução proposta se mantivesse dada a fragilidade dos achados. Caiu assim por terra a hipótese que chegou a ser ventilada das ossadas poderem ser vistas pelo público, através da colocação de vidros no chão.

António Saraiva, director executivo do PolisGuarda, explica que Fernando Real e mais alguns técnicos do IPA vieram à Guarda tomar conhecimento do tipo de vestígios arqueológicos encontrados na Praça Velha, tendo aceite a solução proposta pelo arquitecto Camilo Cortesão de «manter todo o projecto inicial, ficando os vestígios enterrados». No entanto, todos esses achados irão ser «devidamente registados e fotografados», tanto aqueles que não ficam a descoberto, como algum espólio que foi retirado das sondagens e está por enquanto em instalações da Câmara da Guarda para ser posteriormente «musealizado» num espaço adjacente, se possível na zona da Mediateca VIII Centenário ou então noutro local. Como a solução inicial é para manter, em frente à Mediateca, onde foram encontradas as ossadas, «vai ficar tudo como estava previsto», embora se verifique a introdução de algumas soluções técnicas em termos construtivos de modo «a manter em bom estado de conservação todo o espólio» que vai ficar debaixo de terra. Nesse sentido, serão feitas algumas marcações no pavimento para que as pessoas possam fazer uma «ligação e uma leitura muito directa e fácil» entre o que estiver musealizado, a informação disponibilizada e os locais.

De resto, o facto dos vestígios ficarem enterrados é benéfico, uma vez que permite obter uma «conservação superior», indica António Saraiva. Em relação ao que vai ficar soterrado, trata-se de várias sepulturas antropomórficas e as fundações de pelo menos uma habitação, descoberta até ao momento. Quanto ao andamento dos trabalhos, vai ser libertada uma «frente junto aos balcões», onde a empresa construtora vai de «imediato avançar», adianta o directo executivo do PolisGuarda. Em simultâneo, «vamos tentar libertar as outras zonas o mais depressa possível, com o reforço das equipas de apoio em termos de arqueologia, isto para fazermos frente ao atraso que já se verifica na obra devido ao espólio arqueológico encontrado», refere. Perante esta conjuntura, António Saraiva aponta a primeira quinzena de Junho como data provável para a conclusão das obras de requalificação da Praça Velha. Em declarações ao “Jornal de Notícias”, Fernando Real indicou que deixar as sepulturas à vista teria consequências negativas. «São sepulturas escavadas na rocha, assentes num granito podre que está a esboroar-se. A sua manutenção no local, com cobertura de vidro, iria provocar condensações de humidade elevadas que fariam com que não resistissem mais de dois anos», salientou o presidente do IPA. Aquele responsável focou ainda a utilidade de se apostar no registo de dados, como «forma de preservarmos para o futuro todo o potencial arqueológico encontrado».

Ricardo Cordeiro

Sobre o autor

Leave a Reply