“A Cozinha Canibal” está em cena, sábado à noite, no auditório do Teatro das Beiras, na Covilhã. Trata-se de uma peça do Projec~, a estrutura de produção artística do Teatro Municipal da Guarda (TMG), a partir de uma das obras representativas do movimento “pânico”, do qual Roland Topor (1938-1997) foi co-fundador e que se caracteriza por utilizar terror e humor em simultâneo.
Encenado por Américo Rodrigues e interpretado por Rui Nuno, membro do Projec~ e actor residente do Centro Dramático de Évora, o espectáculo é feito por um cozinheiro/cirurgião/operário/DJ/apresentador de televisão/marionetista. O seu “guião” é um livro de culinária onde se descrevem, com a minúcia do homem prático, suculentos pitéus exclusivamente destinados aos mais finos apreciadores de iguarias. Mas nestes conselhos de Topor descobre-se também o alimento necessário à insubmissão. «Pegue-se num inocente, despoje-se, abuse-se dele, dê-se-lhe pontapés, mate-se, corte-se em bocados de igual grossura e meta-se na panela com bastante manteiga, sal, pimenta, especiarias, alhos e salsa picada. Depois de tudo bem refogado, acrescente-se um copo de vinho branco e um pouco de caldo. Quando o inocente começar a ferver, tire-se do lume e sirva-se em maus lençóis. Para comer discretamente enquanto se vai falando de outra pessoa qualquer», escreveu o autor numa das receitas deste livro recheado de humor negro e ironia quanto baste.
Já na tarde de terça-feira é o Teatro das Beiras que sobe ao palco da Casa da Cultura de Figueira de Castelo Rodrigo, com “A Arca dos Sonhos”, uma peça de teatro para infância de Isabel Bilou. João Costa, Filipa Teixeira, Sara Silva e Teresa Baguinho interpretam a história do pequeno Daniel, do desajuste da sociedade actual e do grande desenvolvimento tecnicista que acaba por tornar o homem vítima do progresso. O espectáculo é dirigido às escolas do concelho.