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Proença-a-Nova é o primeiro parque de recepção de madeiras na Beira Interior

Agricultores da Beira Interior já têm números certos para indemnizações por perda de animais e respectiva alimentação

Passadas duas semanas sobre o anúncio da decisão, foi inaugurado na última sexta-feira o parque de recepção de madeira de Proença-a-Nova pelo ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas (MADRP), Armando Sevinate Pinto. Uma unidade que irá apenas receber madeira de pinho queimada dos incêndios que devastaram o país na primeira quinzena da Agosto e que poderá ter um sucedâneo no distrito da Guarda.

O Estado comprometeu-se a pagar 25 euros por tonelada madeira de pinho ardida com cerca de sete centímetros de diâmetro sob casca, mas apenas os produtores devidamente identificados pelas associações do sector receberão as remunerações em prestações. O total da primeira entrega será de 15 euros (respeitantes ao custo directo do transporte e corte) e só duas semanas depois chegarão os restantes 10, segundo Francisco Martins, coordenador nomeado pelo Governo. O parque de Proença-a-Nova está instalado num terreno pertencente à autarquia e à Associação Raia Pinhal, estando já disponíveis cerca de 3,5 hectares. Foi equipado com gruas e uma báscula, fornecidas pelo MADRP, que também se responsabilizou pela formação técnica dos responsáveis, passando pelo material informático e apoio administrativo. Este parque será gerido pela Associação de Produtores Florestais e Agrícolas do concelho, sob a orientação da Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI). Segundo o responsável pela coordenação desta rede nacional, os parques poderão acolher entre 250 a 300 mil toneladas de salvados de pinho, mas ressalvou que futuras inaugurações de espaços ou aumentos de dimensão «dependerão da procura».

O rápido processo de criação destes espaços aconteceu devido à acelerada degradação e perda de qualidade dos salvados de pinho queimados. No entanto, a mesma situação já não se verifica com os eucaliptos e sobreiros, sublinhou o ministro, por causa da sua «maior resistência e fácil regeneração». A madeira será vendida a alguns dos utilizadores dos parques e utilizada para trituração e produção de energia. Desta venda, o Estado receberá uma parte do investimento feito, mas «nunca a correspondente ao custo da operação», devido à desvalorização do pinho, confirmou o ministro. Depois desta fase de apoio aos produtores, o MADRP compromete-se em repor o potencial produtivo, através de medidas de reflorestação, posição que assumirá «quase a 100 por cento», garantiu. Mas os investimentos estatais não se ficam por aqui. Depois dos inquéritos às autarquias que sofreram o flagelo dos incêndios e respectiva confirmação dos dados com a DRABI, os totais de indemnizações, por categorias, já têm números certos. Na Beira Interior são cerca de 1.732 os agricultores que serão remunerados pelos 4.291 animas mortos. Para estas perdas, o MADRP estabeleceu o valor de 108.325 mil euros a distribuir pelas pessoas afectadas. Como os incêndios devastaram uma parte significativa de pastos, o Estado também assumiu compensar os donos de cerca de 68.598 animais com apoios para alimentação cujo montante ronda os 406.358 mil euros.

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